A dose extra autorizada pelo Ministério da Saúde gerou questões como se é permitido escolher vacina e se dose diferente é indicada
A aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19 é fundamental para controlar a pandemia no país e manter em queda os números de mortes e novos casos da doença, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga definiu que a dose extra começará a ser aplicada pelos municípios a partir de 15 de setembro, porém alguns estados anteciparam as aplicações. Mas, ainda persistem muitas dúvidas sobre a imunização. O R7 entrevistou infectologistas e imunologistas e responde aqui algumas dessas questões:
Quem pode ser imunizado com a terceira dose?
De acordo com o Ministério da Saúde, neste momento, as vacinas estarão disponíveis para idosos a partir dos 70 anos e pessoas imunodeprimidas, aquelas que apresentam alguma deficiência no sistema imunológico. Em São Paulo, a aplicação está programada também para quem tem mais de 60 anos.
No caso dos idosos, a indicação é a partir de seis meses da imunização completa. Já o grupo com problemas no sistema imune está autorizado a receber a terceira dose a partir de 28 dias do esquema vacinal completo (duas doses ou vacina de dose única).
Por que somente idosos e imunodeprimidos receberão a imunização?
O infectologista Renato Kfouri, membro da diretoria da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e da Câmara Técnica do PNI (Programa Nacional de Imunizações), explica:
“Os dados são inequívocos mostrando uma perda de proteção dos indivíduos com mais de 70 anos com o passar do tempo. Para estes, vai ser oferecida uma dose de reforço seis meses após a segunda dose. E outro conceito, que não é de reforço, é de terceira dose, são grupos que respondem mal ao esquema de duas doses. Para os imunocomprometidos graves, nós definimos dar uma terceira dose com intervalo de 28 dias depois da segunda dose para aumentar a proteção”, afirma o infectologista.
Por que é importante receber mais uma dose da proteção contra a covid-19?
A imunologista Brianna Nicoletti, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, aponta dois fatores importantes: o surgimento de variantes e o controle da transmissão do vírus. “O ideal seria que todos tomássemos a vacina de uma única vez e, isso, diminuiria a transmissão. Como não conseguimos fazer isso, afinal estamos em uma pandemia e há um tempo para produção, aprovação e distribuição de vacinas, a transmissibilidade continuou grande e apareceram as novas cepas. A terceira dose vem como tentativa de melhorar a resposta imunológica e o alcance da proteção contra as diferentes cepas do vírus”, diz a médica.
Todas as vacinas aplicadas no Brasil têm queda de proteção a partir de seis meses?
“Acima dos 80 anos de idade, existe uma redução do fator imunoprotetor independentemente de qual é a vacina utilizada, ou seja, qualquer imunizante, tanto imunizantes inativados, vetor viral, vacina de RNA mensageiro. Todas as vacinas têm esse perfil. A vacina tem o fator de prevenir forma grave da doença e óbito e isso estamos conseguindo com todas as vacinas”, ressalta Sérgio Cimerman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. R7