Em 485 milhões de anos, a Terra tem enfrentado oscilações de temperatura mais intensas do que se acreditava anteriormente
Uma pesquisa conduzida pela Universidade do Arizona e pelo Instituto Smithsonian, nos EUA, trouxe à tona o panorama mais detalhado já obtido sobre as mudanças na temperatura da Terra em quase meio bilhão de anos.
Publicado sexta-feira (20) na revista Science, o estudo revela que, ao longo do período geológico Fanerozoico, nosso planeta tem enfrentado oscilações de temperatura mais intensas do que se acreditava anteriormente.
Incluindo grandes eventos como extinções em massa e a diversificação da vida, esse período, que ainda perdura, destaca a forte correlação entre as variações de temperatura e os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Os pesquisadores focaram sua análise nos últimos 485 milhões de anos, já que os dados geológicos de períodos anteriores são escassos. De acordo com Jessica Tierney, paleoclimatologista da Universidade do Arizona e coautora do estudo, é difícil encontrar rochas tão antigas que preservem sinais de temperatura.
Para superar essa barreira, a equipe utilizou um método chamado assimilação de dados, que combina registros geológicos com modelos climáticos. Essa técnica, inicialmente desenvolvida para previsões meteorológicas, foi adaptada para investigar climas passados.
CO2 é o principal controlador das temperaturas ao longo do tempo geológico da Terra
A nova curva de temperatura global criada pelo estudo revela variações entre 11 e 36 graus Celsius ao longo desse vasto período. Segundo a pesquisa, esses picos de calor estão diretamente relacionados a níveis elevados de CO2 na atmosfera, o que reforça a ideia de que o dióxido de carbono é o principal controlador das temperaturas ao longo do tempo geológico.
“Quando o CO2 está baixo, as temperaturas são mais frias; quando está alto, as temperaturas aumentam”, disse Tierney em entrevista ao The Washington Post.
Comparada ao passado, a Terra de hoje está em uma fase relativamente fria, mas as emissões de gases de efeito estufa resultantes das atividades humanas estão aquecendo o planeta a uma taxa sem precedentes.
As revelações sobre o passado escaldante da Terra são mais um motivo de preocupação com as mudanças climáticas modernas.Emily Judd, pesquisadora da Universidade do Arizona e do Smithsonian especializada em climas antigos e principal autora do estudo.
Essa rápida mudança coloca em risco ecossistemas e espécies, uma vez que seres humanos e animais evoluíram em condições climáticas muito diferentes. Tierney alertou que o aquecimento atual está ocorrendo em uma velocidade que dificulta a adaptação das espécies. “Estamos alterando o clima de uma forma que é completamente nova para os humanos e para a vida na Terra”.
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