Na contramão da desigualdade de gênero na engenharia civil, construtora do prédio mais alto da América Latina tem 50% da equipe formada por mulheres, contra os 19% no cenário nacional
As mulheres ainda são minoria na engenharia civil no Brasil, dados do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), mostram que as mulheres representam 19% dos registros ativos nos conselhos regionais brasileiros, são 183.601 mulheres e 793.759 homens em atuação em 2021.
Ainda assim, em Santa Catarina, a atuação feminina na engenharia tem destaque internacional, por trás do projeto do One Tower, o prédio mais alto da América Latina, que fica em Balneário Camboriú, Litoral Norte do Estado, está uma mulher.
A engenheira civil Débora Kenig Alexandre, gestora de projeto do empreendimento, se destaca entre os arranha-céus no continente latino-americano em tecnologia e inovação.
ébora Kenig Alexandre é gestora de projeto do empreendimento One Tower – Foto: FG Empreendimentos/Reprodução
Recentemente o One Tower e seus 290 metros de altura foram destaque por “desbancar” as torres gêmeas de Balneário Camboriú, dominando o topo do Skyscraper Center, ranking oficial que leva em conta a altura dos empreendimentos.
O residencial também é referencia em tecnologia, para chegar tão alto, foi necessário inovar com os elevadores. São cinco, com a mesma tecnologia que reduz as oscilações na cabine para proporcionar mais conforto ao passageiro, usada nos elevadores do One World Trade Center, em Nova York, que possui com 108 andares e 541 metros de altura, e no Infinity Coast, em Balneário Camboriú, entregue em dezembro de 2019.
Débora começou a trabalhar na FG em agosto de 2020, já assumindo a gestão dos projetos do One Tower, para ela, uma experiência única. Ela também atua na gestão dos projetos do Boreal Tower e Blue Coast.
Conforme o Skyscraper Center, o ranking oficial que leva em conta a altura dos empreendimentos, o One Tower aparece em primeiro lugar, com 290 metros de altura – Foto: FG Empreendimentos/Divulgação
“Nada se compara a complexidade vista nos projetos do One, sendo pelos sistemas inovadores que buscamos aplicar como quanto ao tamanho do empreendimento, são 84 pavimentos de puro aprendizado”, destaca a engenheira.
O projeto foi o mais desafiador para a engenheira até agora, justamente por toda complexidade que envolve o desenvolvimento do empreendimento mais alto da América Latina.
“Apesar de ter assumido o desafio após a fase estrutural, estive envolvida em todo o processo executivo de projetos específicos, como por exemplo o fechamento interno das unidades com utilização de drywall, algo que para mim era novo. A bagagem de conhecimento adquirida até hoje é imensurável, grande parte disto eu devo a equipe de Engenharia Aplicada e a Equipe de Produção do One Tower que me apoiam e auxiliam a todo momento, a grandiosidade do empreendimento é resultado da dedicação e comprometimento de várias pessoas”, salienta.
Atuando na gestão do projeto, Débora destaca que o One Tower é resultado de um trabalho em equipe. “Todos os resultados vistos no One Tower e nos demais desafios diários que vivenciamos é fruto da dedicação e companheirismo que presenciamos na FG. Atualmente, na Engenharia Aplicada, temos uma equipe jovem, isso só mostra como as oportunidades estão sendo oferecidas, de como o futuro se baseia no novo, no desafio que está por vir. Empreendimentos extraordinários são desenvolvidos por pessoas extraordinárias”, destaca.
Equidade de gênero se faz com oportunidades
Na FG, a equidade de gênero é uma realidade, 50% da equipe é formada por mulheres, um resultado de oportunidades que reflete o crescimento da atividade feminina na profissão.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018 havia 239.242 trabalhadoras registradas no mercado da construção civil. Em 2007, esse número era de 109.006, ou seja, teve um aumento próximo de 120% em 11 anos.
Um dos fatores que estimulou o aumento, segundo o Instituto, é a evolução da indústria de construção civil. Com métodos construtivos automatizados e maior segurança, a prioridade está mais na qualificação profissional que na força física.Para Débora Kenig, oportunidades é fundamental para equidade de gênero na construção civil – Foto: FG Empreendimentos/Divulgação
A opinião é corroborada pela gerente de DHO da FG, Giselle Hornburg. “As empresas, para crescerem, precisam, cada vez mais, se redesenhar e se adaptar ao mercado, principalmente, valorizando o seu capital humano. No último ano tivemos um crescimento de 10% de mulheres em nosso quadro geral de funcionários, por mérito e competência. A gestão disruptiva é uma das marcas da FG, que vem investindo não apenas em tecnologia construtiva, mas também em trazer para o mercado novos processos que conectem pessoas e produtos”, finaliza.
Apesar do exemplo positivo da FG, o caminho para a equidade feminina na Engenharia Civil ainda é longo. Para Débora Kenig, a atuação dela é resultado de oportunidades que teve na carreira.
“Tenho o privilégio de ser liderada por uma mulher com experiência indiscutível, que traz consigo a premissa de que o conhecimento deve ser compartilhado a todo momento, que nos instiga a pensar fora da caixa e torce pelo nosso crescimento tanto profissional quanto pessoal”, reforça.
“Posso dizer sim que ainda temos muito caminho a percorrer nesta profissão, precisamos constantemente nos afirmar e comprovar nossas tomadas de decisão de maneira dobrada” – Débora Kenig Alexandre, gestora de projeto do One Tower
A engenheira destaca ainda a importância de ter uma gestão feminina. “Tendo Stéphane Domeneghini como gerente de Engenharia Aplicada e Sabine Bevian como responsável pelos projetos mais desafiadores que estão por vir para FG me sinto amparada e cada vez mais encorajada para quaisquer desafios que venham a surgir”.
“As oportunidades devem ser dadas”
Incentivar e dar oportunidade para que as mulheres possam ingressar na profissão é o caminho para a equidade não só em algumas empresas, mas em todo país.
“As oportunidades devem ser dadas, precisamos entender que todo indivíduo traz consigo seus pontos fracos e fortes, que estamos em constante processo de evolução, e, aplicando-se a área da construção civil, esse processo acontece em uma velocidade gigantesca”, começa Débora.
“Mulheres trazem consigo muita força e dedicação, precisamos seguir quebrando as barreiras dos estigmas de fraqueza e fragilidade. Podemos ocupar qualquer lugar que desejarmos, basta uma chance para que possamos mostrar todo nosso potencial. Estamos no caminho, há muito o que percorrer, mas as pequenas conquistas nos inspiram a cada dia”, Débora Kenig.