O presidente da Aprosoja – Associação dos Produtores de Soja e Milho do Brasil – Antônio Galvan informou, nesta sexta-feira (4), que há um depósito no solo com fósforo e potássio, que restou da safra passada, e isso será suficiente para garantir metade da quantidade fertilizantes utilizada normalmente no País, sem prejudicar a colheita brasileira.
Ao mesmo tempo, Antônio Galvan ressaltou que as culturas agrícolas do arroz, trigo e milho correm maior risco de sofrerem com uma futura falta de fertilizantes. Segundo Galvan, essas três culturas necessitam de fertilizantes nitrogenados. No entanto, Galvan deixou claro que essa preocupação não é para agora, corroborando com o discurso da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que, em entrevista coletiva esta semana, garantiu que o Brasil está com fertilizantes até outubro deste ano.
Para Antônio Galvan, é necessário que fique claro que nem Rússia, nem Ucrânia tem interesse em prejudicar o Brasil. No caso da Rússia, que exporta fertilizante não só para o Brasil, mas também para países que fazem parte da Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte – não haverá nenhum problema. “Quem faz parte da Otan vai sofrer sanções da Rússia, o que não é o caso do Brasil”, explicou Galvan.
A ministra Tereza Cristina informou, esta semana, que caso a guerra entre Rússia e Ucrânia se prolongue, o Brasil tem outras alternativas na manga. Uma delas já foi viabilizada com a viagem ao Irã. O País se comprometeu a triplicar as exportações de fertilizantes ao Brasil, que, por sua vez, garantiu que vai exportar mais produtos agrícolas para a república islâmica e contribuir – de forma decisiva – para o processo de segurança alimentar iraniano. A outra está marcada para o próximo mês: uma viagem para o Canadá, que também produz fertilizantes.
Em Mato Grosso do Sul, o silêncio das autoridades com a guerra no leste europeu tem um motivo: a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas. Isso porque o grupo Russo Acron já havia até anunciado a compra da UFN3 junto à Petrobras. A assinatura do contrato dependia só do aval da área de governança da petrolífera quando a guerra estourou. Agora depende também do tempo que o conflito vai durar e de seus efeitos no caixa da Acron. Esse não é um problema para a Petrobras, pois a assinatura do contrato não estava prevista nos próximos dias. Alguns trâmites internos ainda têm de ser cumpridos, o que costuma levar meses. A questão é que os dois lados estavam empenhados em acelerar o processo para que a empresa russa começasse a operar a fábrica já em julho.
Em 11 de fevereiro, quando a guerra ainda era uma tensão geopolítica, o vice-presidente da empresa, Vladimir Kantor, esteve em Campo Grande acompanhado de representantes da Petrobras, para conversar com o governador Reinaldo Azambuja. O encontro foi comemorado pelo governo do Estado, que há anos aguarda por um investidor na UFN3. Um grupo de trabalho foi formado para elaborar o documento que vai oficializar os benefícios fiscais oferecidos pelo Estado à retomada da obra. Agora é esperar a guerra acabar. midiamax