Segundo pesquisa realizada durante a pandemia, crianças expostas a maior tempo de tela na primeira infância têm maior dificuldade de lidar com as frustrações e se regular emocionalmente.
Crianças expostas a maior tempo de tela têm maior dificuldade para lidar com acessos de raiva e frustração. É o que afirma o estudo de uma universidade canadense, que contou com a participação do psiquiatra brasileiro Pedro Pan, do Instituto Ame Sua Mente e da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
Em entrevista ao podcast Bem Estar, Pedro explica como essa dinâmica cria um ciclo vicioso em crianças de até 4 anos e meio, uma vez que a mesma dificuldade de regulação emocional contribui com o aumento do uso de telas, interferindo na saúde mental das crianças.
“Tempo de tela gera menor controle emocional e regulação dos sentimentos na primeira infância, perpetuando essa cadeia negativa”, afirma o psiquiatra.
Ainda segundo Pan, o tempo de tela tem sido usado como uma espécie de “calmante digital” nas crianças, substituindo as relações interpessoais: “Todo esse contexto é necessário até para o desenvolvimento cerebral.”
O estudo começou em 2020, quando as crianças tinham três anos e durou até 2022, período auge da pandemia.
“As crises de raiva que vão acontecer [por volta dos] quatro anos e meio tinham como antecedente o maior tempo de uso de tablet quando a criança tinha 2 anos e meio.”
Para reduzir os efeitos mais nocivos da exposição às teles, o psiquiatra aconselha os pais utilizem essa tecnologia com as crianças e não as deixe sozinhas. Ele ainda alerta que o excesso de telas nesta fase também pode comprometer o desenvolvimento cerebral.
“A tela não tem os mesmos estímulos importantes para esse desenvolvimento. Olho no olho, contato interpessoal….O ideal é que o adulto utilize essa tecnologia com as crianças e não as deixe usarem sozinhas, como um calmante digital.”