Construção de muros, barreiras e alargamento de faixa de areia para conter o mar podem afetar espécies e seres humanos na região costeira
São Paulo — Construção de muros e o alargamento da faixa de areia das praias do litoral podem trazer uma série de impactos negativos, colocando em risca a sobrevivência de espécies e afetando também a vida das pessoas que vivem no local.
Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da cátedra Unesco para sustentabilidade do oceano, Alexander Turra diz que toda atividade humana ou intervenção no ambiente marinho leva a alguma alteração.
O especialista cita, entre as intervenções, o engordamento de praia, com mortalidade da biodiversidade tanto no local de onde foi retirada a areia (em jazidas no mar) quanto na própria praia, que será sufocada. “É um impacto evidente”, diz.
Outra mudança citada por Turra é a construção dos muros, que impedem a conexão da praia com outros locais da planície costeira.
“Praias com muros levam à extinção local de espécies”, diz. “Quando cria essas obras, os ambientes costeiros e manguezais vão ficar aprisionados no meio do caminho”, afirma, citando também processo de erosão ao longo do tempo.
Aumento
Professor do Departamento de Oceanografia Física, César Barbedo Rocha diz que o Instituto Oceanográfico da USP vem medindo o nível do mar em sua base de pesquisa no litoral sul desde 1954 e que a análise desses dados mostra que o nível médio vem subindo a uma taxa de cerca de 3 milímetros ao ano.
“Ou seja, no litoral de São Paulo, o nível do mar subiu, no mínimo, 20 centímetros desde o início da série histórica do nos anos 50. Parece pouco, mas é muito. A expressão horizontal [quanto atinge na planície costeira] desse aumento tem consequências graves”, diz.
Segundo Rocha, além de obras de engenharia, é preciso minimizar a principal causa do aumento do nível do mar. “É o aquecimento global, que tem derretido geleiras continentais [aumento do nível do mar devido ao maior aporte de água doce] e elevado a temperatura do oceano [aumento do nível do mar devido à expansão térmica]”, afirma.
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São Paulo
Obras de contenção no litoral podem afetar sobrevivência de espécies
Construção de muros, barreiras e alargamento de faixa de areia para conter o mar podem afetar espécies e seres humanos na região costeira
William Cardoso
14/01/2024 05:15, atualizado 14/01/2024 11:31
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Divulgação/Prefeitura do Guarujá
São Paulo — Construção de muros e o alargamento da faixa de areia das praias do litoral podem trazer uma série de impactos negativos, colocando em risca a sobrevivência de espécies e afetando também a vida das pessoas que vivem no local.
Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da cátedra Unesco para sustentabilidade do oceano, Alexander Turra diz que toda atividade humana ou intervenção no ambiente marinho leva a alguma alteração.
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O especialista cita, entre as intervenções, o engordamento de praia, com mortalidade da biodiversidade tanto no local de onde foi retirada a areia (em jazidas no mar) quanto na própria praia, que será sufocada. “É um impacto evidente”, diz.
Outra mudança citada por Turra é a construção dos muros, que impedem a conexão da praia com outros locais da planície costeira.
“Praias com muros levam à extinção local de espécies”, diz. “Quando cria essas obras, os ambientes costeiros e manguezais vão ficar aprisionados no meio do caminho”, afirma, citando também processo de erosão ao longo do tempo.
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Dessa maneira, diz ele, o ser humano também é afetado com danos à pesca e a exploração da biotecnologia, por exemplo.
Para o especialista, o melhor jeito de evitar as consequências do avanço do mar é planejar o uso do território. “É não ocupar as áreas previstas de alagamento e inundação”, afirma. Turra cita também populações que hoje já vivem marginalizadas, em palafitas, principalmente na Baixada Santista, e que serão impactadas de forma mais drástica.
O especialista da USP também lembra que o ser humano está promovendo as mudanças climáticas, com aquecimento da atmosfera, há mais de 200 anos, com forte agravamento nos últimos anos, o que leva ao aumento no nível do mar. “Para ser revertido, precisa de ações em médio e longo prazo. Podemos sequestrar muito carbono na atmosfera”, afirma.