Mortes crescem 14% nos 10 primeiros meses do ano no Brasil; Covid deixa de ser principal causa, apontam cartórios

Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) comparou o registro de mortes em cartórios brasileiros de janeiro a outubro de 2022 com o mesmo período de 2019, anterior à pandemia; levantamento aponta crescimento de mortes por doenças do coração, como infarto.

Por Marina Pagno, g1

Os registros de óbitos no Brasil aumentaram 14% nos 10 primeiros meses de 2022, na comparação com o mesmo período de 2019, anterior à pandemia da Covid-19. O levantamento, feito pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), mostrou que o número de mortes neste ano é, até o momento, oito vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrados no País antes do surgimento da Covid.

Os dados foram retirados do Portal de Transparência do Registro Civil, que é abastecido em tempo real pelos mais de 7,6 mil cartórios do País com registros de nascimentos, casamentos e óbitos. Os números também foram cruzados com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre janeiro e outubro de 2022, 1.241.779 óbitos foram registrados nos cartórios brasileiros. No mesmo período de 2019, foram 1.087.707.

Na comparação com 2020, primeiro ano de pandemia, houve um aumento de 0,6% nos registros de óbitos (1.233.937). Já em relação aos primeiros 10 meses de 2021, houve uma redução de 18% (1.518.361 mortes).

De 2020 para 2021, os cartórios apontaram um crescimento nos registros de óbitos de 11,8% e 23% de um ano para outro. Até então, a maior variação anual tinha sido registrada em 2016, quando houve um aumento de 4,3%.

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Covid-19
Com o avanço da vacinação, a Covid deixou de ser a doença que mais mata no país. Entre janeiro e outubro de 2022, a queda foi de 97,5% em relação ao ano passado.

Nesse mesmo período de 2021, foram registradas 495.761 mortes causadas pela doença frente a 59.456 neste ano.

No entanto, os registros de óbitos por outras doenças cresceram em 2022, segundo o levantamento da Arpen. Entre elas, estão doenças do coração, pneumonia e septicemia (inflamação que se espalha pelo corpo diante de uma infecção).

Houve um aumento no número de mortes por doenças do coração entre janeiro e outubro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021: cresceram as mortes por AVC (3,8%) e infarto (2%). Em comparação com 2019, antes da pandemia, os números são ainda maiores: 8,3% para mortes causadas por AVC e 3,5% para mortes relacionadas a infarto.

As doenças cardíacas e respiratórias que causaram mais mortes no Brasil até esta quinta-feira (17), de acordo com os registros:

Pneumonia: 176.142 óbitos;
Septicemia: 153.914;
AVC: 97.586;
Causas cardiovasculares inespecíficas: 93.903;
Infarto: 91.232;
Insuficiência respiratória: 74.186;
Covid-19: 59.942;
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): 6.517.
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