Mato Grosso do Sul confirmou, nesta terça-feira (31), o primeiro caso suspeito da varíola dos macacos, doença com origem na África que tem se espalhado por outros continentes desde o início do mês.
O paciente, segundo a SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde), é um adolescente de 16 anos, que vive em Porto Quijarro, na Bolívia, mas procurou atendimento médico em Corumbá. Ele está internado e isolado na Santa Casa da cidade.
Segundo o Estado, em 26 de abril o paciente procurou atendimento médico em Santa Cruz de La Sierra e desde então apresenta lesões na pele. Ele chegou a receber medicação no país vizinho, mas o quadro evoluiu.
O adolescente está em Corumbá desde o dia 29 de maio. Ele passou por atendimento no pronto-socorro e ficou em isolamento. Desde ontem está na Santa Casa da cidade. Segundo a secretaria, o paciente tem lesões avermelhadas/arroxeadas e lesões nos membros superiores evoluindo com disseminação para tronco e membros inferiores acometendo a boca e a região genital. Outras lesões inflamadas foram detectadas no couro cabeludo e tórax, além de febre (38,5ºC), ínguas na cervical, axilar e virilha.
“A Secretaria de Estado de Saúde informa que foram solicitados diversos exames para prosseguimento à investigação do caso. E ressalta que é fundamental a realização de investigação clínica e/ou laboratorial no intuito de descartar as doenças que se enquadram como diagnóstico diferencial, dentre elas, varicela, herpes zoster, sarampo, zika, dengue, Chikungunya, herpes simples, infecções bacterianas da pele, infecção gonocócica disseminada, sífilis primária ou secundária, cancroide, linfogranuloma venéreo, granuloma inguinal, molusco contagioso (poxvirus), reação alérgica (como a plantas)”, disse a SES-MS.
O caso é monitorado pelo CIEVS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde), que já havia emitido alerta para a doença no Estado após caso suspeito na Bolívia.
O que se sabe até agora sobre a varíola dos macacos
Originalmente conhecida como Monkeypox, a varíola dos macacos é uma doença endêmica da África e recentemente tem causado alerta no mundo por conta de infecções registradas desde o início de maio na América do Norte e Europa. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até semana passada eram 131 casos confirmados e 106 suspeitos em todo mundo.
O que chama atenção das autoridades mundiais em saúde é que essa é a primeira vez que a doença causa surto em várias partes do mundo sem que os pacientes com a doença tenham viajado para a África.
De acordo com o Instituto Butantan, a varíola dos macacos pode ser definida como uma “doença febril” aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana.
Principais formas de contágio da varíola dos macacos
A infecção pelo vírus se dá de três formas: em contato com um macaco infectado com o vírus, com outra pessoa doente e também com materiais contaminados. De pessoa para pessoa, o vírus é transmitido no contato com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
Portanto, as formas mais comuns de contágio são as seguintes:
• do contato com roupas ou lençóis (como roupas de cama ou toalhas) usados por uma pessoa infectada;
• do contato direto com lesões ou crostas de varíola de macaco;
• da exposição próxima à tosse ou a espirro de um indivíduo com erupção cutânea de varíola.
Sintomas e prevenção
Segundo as autoridades, o período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias e os sintomas costumam aparecer após 10 ou 14 dias. Além das erupções cutâneas, a varíola dos macacos causa dores musculares, na cabeça e nas costas, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios linfáticos.
Em nota emitida na semana passada, o Ministério da Saúde afirma que o melhor método de prevenção para o contágio é reforçar a higiene das mãos e ter cuidado no manuseio de roupas de cama, toalhas e lençóis usados por pessoas infectadas.
Vale ressaltar que não há tratamento específico para a doença ou vacina contra o vírus, no entanto, a vacina padrão contra varíola também protege contra esse vírus. A varíola foi erradicada no mundo em 1980.
Nos Estados Unidos, último país fora do continente Africado a registrar surto da doença no início dos anos 2000, não houve nenhuma morte causada pela doença. Segundo especialistas, esse cenário revela que com assistência adequada, a doença, apesar de grave, pode não representar uma epidemia, como a causada por vírus respiratórios, como a Covid-19. Midiamax