Até julho, a alta chegou a 14,72%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa era de 13,93% até o mês anterior.
(FOLHAPRESS) – Enquanto produtos e serviços como gasolina e energia elétrica passaram a ceder, os preços da comida voltaram a ganhar força no Brasil.
Sinal disso é que a inflação do grupo de alimentação e bebidas se aproximou novamente de 15% no acumulado de 12 meses, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Até julho, a alta chegou a 14,72%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa era de 13,93% até o mês anterior.
O acumulado mais recente é o mais intenso desde fevereiro de 2021. À época, o grupo registrava inflação de 15% em 12 meses.
O IPCA contempla nove grupos de produtos e serviços. Apenas vestuário (16,67%) subiu mais do que alimentação e bebidas até julho.
A carestia da comida afeta sobretudo as camadas mais pobres, que têm menos condições financeiras para lidar com a alta dos preços.
O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, avalia que a inflação dos alimentos está associada a um conjunto de fatores.
Problemas de oferta com o clima adverso no começo do ano, aumento dos custos produtivos e efeitos da Guerra da Ucrânia fazem parte da lista, segundo ele.
O conflito iniciado no primeiro trimestre foi responsável por turbinar cotações de commodities agrícolas no mercado internacional.
Entre os alimentos pesquisados no IPCA, as maiores variações no acumulado de 12 meses até julho vieram de mamão (99,39%), melancia (81,6%), cebola (75,15%), morango (73,86%), batata-inglesa (66,82%) e leite longa vida (66,46%).
Segundo Mercadante, recentes sinais de trégua das commodities no mercado internacional podem gerar algum alívio para os preços dos alimentos até o final do ano.
Essa desaceleração, contudo, tende a ocorrer em um ritmo mais lento do que em outros grupos, pondera o economista. Ainda há incertezas no cenário de oferta e demanda, diz.
“Os alimentos devem percorrer um caminho de desaceleração, mas de uma forma mais lenta do que outros grupos.”
Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, também vê preços de alimentos em um nível ainda elevado nos próximos meses, mesmo com uma possível perda de fôlego.
Vale projeta uma desaceleração do grupo para perto de 12% no acumulado até o final do ano.
Na composição do IPCA, apenas o segmento de transportes pesa mais do que alimentação e bebidas. No acumulado de 12 meses, a inflação de transportes desacelerou de 20,12% em junho para 12,99% em julho.
Essa perda de fôlego foi puxada pela trégua dos combustíveis, com destaque para a gasolina. Os preços do produto passaram a cair com os recentes cortes nas alíquotas de ICMS (imposto estadual).