Casada há dez anos e mãe de três filhos, a família era a felicidade dela
Iluminada. É como Miriam Fernanda de Lima Rios, 28 anos, quer que a irmã, Camila de Lima Rios, 26 anos, seja lembrada. De sorriso fácil e alegre, ela partiu no último dia 8 de abril, vítima de covid-19, em Nova Andradina, a 297 Km de Campo Grande.
Os primeiros sintomas surgiram ainda em março, lá pelo dia 20, quando foi ao atendimento médico e começou a tomar alguns antibióticos para o que seria, a princípio, uma gripe ou algo do tipo. O resultado positivo para covid-19 saiu dias depois, dia 24, mas ela estava bem.
Foi uma semana de sintomas leves, até que no dia 2 de abril, com dificuldade respiratória, ela foi ao hospital da cidade e ficou internada. Apesar da preocupação, havia esperança de todos que logo ela voltaria para casa.
Casada há dez anos e mãe de três filhos – um menino de 9 e duas meninas de 7 e 1 ano – a família era a felicidade de Camila, também muito apegada à irmã e aos sobrinhos. “Estava todo mundo confiante, apesar da ansiedade que ela estava, também estava confiante. Me disse – quarta eu saio’, contou Miriam, bastante emocionada.
Na terça, dia 6, Camila informou à irmã que seria internada em leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), para “intensificar o tratamento para sair de lá (hospital)’, mas nesse mesmo dia, apesar dos esforços das equipes de saúde, ela teve três paradas cardíacas e na última, não resistiu.
Segundo Miriam, o pulmão da irmã estava bastante comprometido com a infecção causada pela covid-19 e pelo menos 80% dele estava tomado pela doença. Camila teve uma crise de pânico na terça-feira, provavelmente porque não conseguia respirar direito, e então foi intubada. “Eles a reanimaram na primeira parada, na terça à noite ainda, depois de madrugada, mas na terceira ela não aguentou’, lamentou a irmã.
Camila, segundo Miriam, era saudável, nunca teve nenhum problema de saúde nem tinha comorbidades. O marido está inconsolável e conforme a irmã, o sustento é a lembrança da alegria e da motivação que Camila sempre tinha com todos. “Sempre fomos unidas, era um elo desde sempre, eu por ela e ela por mim, parceiras em tudo’, lembra chorando.
A saudade vai ficar também nas crianças, como na sobrinha Ana Lívia, de 2 anos, que era muito apegada à tia. “Minha irmã só chama ela de Livinha. Quando ela me ligava ou eu ligava, primeira coisa que ela perguntava pra mim era – cadê a Livinha?’. Para Miriam, os filhos de Camila também são filhos dela e por eles, manterá a lembrança alegre e feliz da irmã.
“Ela era uma pessoa alegre, feliz, que trouxe coisas boas para todos nós. Quem a conheceu sabe que ela era iluminada, de luz, cativante, alto astral’, recorda. De família unida, com os pais e outros quatro irmãos, ela afirma que é essa a imagem que todos guardarão de Camila.
Para quem ainda acredita que a covid-19 é simples, ela alerta: “essa doença não é brincadeira, leva as pessoas que a gente ama e é preciso se cuidar, por si e pelo próximo’, diz.
Além disso, segundo Miriam, o que falta para que a covid-19 chegue ao fim é empatia e compaixão.
“Muitos estão levando na brincadeira, mas famílias estão sofrendo porque essa doença está levando as pessoas que a gente amava. Hoje eu vejo isso, eu perdi parte de mim e eu queria que todos tivessem consciência disso, que é preciso se cuidar, de si e do próximo’. MSNEWS