Mercado mostra mais um dia de desempenho negativo, tendo apenas uma alta em 2020
SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (9), a quinta baixa consecutiva do índice. Desta vez, o vilão não foi o cenário geopolítico, mas o desempenho dos bancos, que compõem o setor mais pesado do benchmark, com mais de 20% de participação.
Segundo Ari Santos, gerente de operações da H.Commcor, os investidores não gostaram da escalada de más notícias para os gigantes do setor financeiro como Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. “Primeiro foi a redução dos juros do cheque especial, depois a discussão da taxação de dividendos e agora o [presidente do Banco Central, Roberto] Campos Neto defendendo as fintechs”, avalia.
Hoje, o presidente do BC disse que as medidas que tomará nos três primeiros meses deste ano são autorizar que fintechs atuem com microcrédito, análise da consulta pública do sandbox regulatório e simplificação do acesso ao crédito rural.
O Ibovespa teve leve queda de 0,26% a 115.947 pontos com volume financeiro negociado de R$ 23,276 bilhões.
Já o dólar comercial teve alta de 0,85% a R$ 4,086 na venda. Foi a maior alta diária desde 8 de novembro. O dólar futuro com vencimento em fevereiro registra ganhos de 0,68% a R$ 4,0975.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu cinco pontos-base a 5,11%, o DI para janeiro de 2023 recuou seis pontos-base a 5,66% e o DI para janeiro de 2025 perdeu cinco pontos, a 6,37%.
Por outro lado, o noticiário macro teve notícias positivas, com a fala do presidente americano Donald Trump ontem se somando à notícia de que não houve vítimas no bombardeio que atingiu a Zona Verde da capital iraquiana. A avaliação é de que a chance de uma guerra está cada vez mais distante no Oriente Médio.
As informações de que o avião ucraniano que caiu na quarta-feira (8) com 176 pessoas a bordo perto de Teerã pode ter sido derrubado pelo Irã não impactaram as bolsas. Os índices americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram entre 0,6% e 0,81%, batendo recordes históricos.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmaram nesta quinta que evidências sugerem que Boeing 737-800 da Ukrainian International Airlines teria sido alvejado por um míssil, possivelmente por engano.
No Brasil, a produção industrial de novembro frustrou. O dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou queda de 1,2%, contra uma expectativa mediana do consenso Bloomberg em retração de 0,7%. Na comparação anual, a atividade da indústria caiu 1,7% ante projeções de 0,8% de contração.
Voltando para o noticiário internacional, sobre a guerra comercial, Pequim confirmou que o vice-primeiro- ministro Liu He irá a Washington na próxima semana para assinar a primeira fase do tão esperado acordo comercial com os Estados Unidos.
Por aqui, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o governo lançará em março um plano permanente para amortecer os impactos de uma disparada do petróleo nos combustíveis. A ideia é garantir a independência da política de preços da Petrobras sem arriscar uma nova greve dos caminhoneiros.
Albuquerque descarta usar impostos nesse mecanismo e diz que o governo federal não vai propor mudanças no ICMS dos Estados. “O Brasil se tornou um exportador de petróleo, hoje exportamos 1,1 milhão de barris por dia. Podemos adotar medidas com esse cenário que vivemos, que é favorável”, afirmou o ministro.
Noticiário corporativo
A International Meal Company, uma das maiores empresas de alimentação industrial do Brasil, decidiu vender 6,79 milhões de ações ordinárias na B3. Segundo a empresa paulista, o objetivo da operação é “fortalecer o fluxo de caixa”. Outro negócio de destaque foi a aquisição, pela Omega Energia, de mais dois parques de energia eólica no Maranhão, Delta 7 e Delta 8. A empresa pagou R$ 282,8 milhões nas usinas.
Já o Ministério Público de Minas Gerais planeja apresentar denúncias criminais “nos próximos dias” contra a mineradora Vale e alguns de seus executivos e funcionários envolvidos no caso do rompimento de barragem que matou ao menos 259 pessoas em Brumadinho (MG), enquanto o Ministério Público Federal continua a investigar o caso.
(Com Bloomberg e Agência Brasil)