Um homem de 66 anos passou por transplante no qual recebeu um rim de porco nos Estados Unidos; cirurgia faz parte de novo ensaio clínico
Um homem de 66 anos passou por transplante no qual recebeu um rim de porco nos Estados Unidos. O procedimento, realizado por cirurgiões em Boston, ocorreu em janeiro. Mas o Massachussets General Hospital divulgou informações sobre ele apenas nesta sexta-feira (07).
Este foi o quarto transplante de rim de porco feito nos EUA. E é o primeiro de três que serão realizados no hospital em questão. A sequência integra um novo ensaio clínico sancionado pela Food and Drug Administration (FDA), a Anvisa dos Estados Unidos.
Após passar por transplante de rim de porco, paciente se sentiu ‘com motor novo’ nos EUA
O homem com rim de porco transplantado se chama Tim Andrews e mora na cidade de Concord, capital de Nova Hampshire. Ele passou pela cirurgia em 25 de janeiro e recebeu alta uma semana depois.
Após o procedimento, ele se sentiu melhor do que havia se sentido nos últimos anos – período no qual enfrentou diversas sessões de hemodiálise por conta de insuficiência renal. “É como um motor novo – de repente, eu tinha uma máquina de energia jorrando em mim”, disse ele, em entrevista ao jornal New York Times.

O rim transplantado para Andrews veio de um porco que passou por 69 edições de genes. Dessas, 59 foram para inativar retrovírus suínos. A ideia é reduzir o risco de infecção em humanos.
O objetivo é “tornar os órgãos de porco geneticamente editados uma solução viável e de longo prazo para os pacientes”, disse o dr. Tatsuo Kawai, cirurgião que liderou as operações no Massachussets General Hospital, em comunicado. Mas ele reconhece que ainda há “um longo caminho a percorrer”.
Transplantes de rim de porco nos EUA
Mais de 100 mil pessoas estão em filas de espera por órgãos para transplante nos EUA. E rins são os mais requisitados. Porém, não há doadores suficiente para a demanda. Não humanos, pelo menos.

Para ajudar a aliviar a escassez, várias empresas de biotecnologia têm editado genes de porcos para dificultar a rejeição dos seus órgãos em corpos humanos.
O novo ensino clínico sancionado pelo FDA usa dois estudos. Um envolve órgãos produzidos pela empresa de biotecnologia eGenesis. O outro, patrocinado pela United Therapeutics Corporation, vai começar em 2025 com seis pacientes, número que pode chegar a 50.
Mesmo que os órgãos de porco se mostrem seguros e eficazes para transplantes, ainda não se sabe quanto custariam e se seriam cobertos por planos de saúde nos EUA. Faz parte do “longo caminho” reconhecido pelo dr. Kawai.
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