Potência instalada em Mato Grosso do Sul saiu de 106,8 megawatts em novembro de 2020 e atingiu 456,8 MW neste mês
A potência solar para gerar energia instalada em Mato Grosso do Sul no período de dois anos mais que quadruplicou. Em novembro de 2020, a potência instalada no Estado era de 106,8 megawatts (MW), já atualmente a potência chega a 456,8 MW (aumento de 327,71%).
No comparativo com o ano passado, o aumento foi de 98,52%, quando a geração solar era de 230,1 MW em MS. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Atualmente, Campo Grande é a sexta cidade com a maior capacidade geradora instalada no País e Mato Grosso do Sul é o 10º estado no ranking da Absolar, com potência instalada de 456,8 megawatts. Desse total, a Capital contribui por 113,1 MW, 24,75% da geração estadual e 0,9% da potência nacional.
De acordo com Walfrido Ávila, presidente da Tradener, empresa que desenvolve projetos de geração de energia de pequeno e médio porte em vários estados do Brasil, MS é uma unidade da federação com alto potencial de crescimento gerador principalmente com a fonte solar.
“Mato Grosso do Sul é muito pródigo na geração de energia solar e está dando uma lição por meio do agronegócio”, comenta.
Com projeto inovador no País e mais de 33% de deságio, Mato Grosso do Sul garantiu, na semana passada, na B3, em São Paulo, 37% de redução de gastos com energia e nas instalações do Estado e Sanesul.
O saldo positivo vem por meio da Parceria Público-Privada (PPP) com a empresa HCC Energia Solar, que venceu o certame e vai administrar o sistema por 23 anos no caso do governo do Estado e 18 anos para a Sanesul.
A abrangência do projeto é de 1.434 Unidades Consumidoras de baixa tensão do governo de MS; e 463 Unidades Consumidoras de baixa tensão da Sanesul.
A PPP prevê a implantação, a manutenção e a operação de centrais de energia elétrica fotovoltaica, com gestão de serviços de compensação de créditos, a fim de suprir demanda energética das estruturas físicas da administração pública do Estado e da Sanesul.
“Este é um projeto pioneiro no Brasil, e Mato Grosso do Sul mostrou mais uma vez que é um Estado de inovação. Recentemente, eu li que nenhuma gestão pública brasileira consome energia limpa, e hoje estamos aqui com esse plano que é pioneiro no leilão da B3, mostrando que não devemos ficar apenas nos discursos, mas que somos parte desse plano da preservação do meio ambiente”, disse o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.
EMPREGOS
Mato Grosso do Sul gerou 13.704 empregos a partir da indústria de geração de energia solar até agosto deste ano. Além de estar presente em todos os municípios do Estado, a geração de empregos atinge todas as cidades do País também, afirmam gestores.
Segundo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), em 2021, o Brasil saltou da sétima para a sexta posição em empregabilidade na área de geração de energia solar fotovoltaica. O País é uma das principais indústrias mundiais nesse tipo de geração renovável.
Conforme o relatório, 10% de toda a energia gerada por esta fonte no mundo é gerada pelo Brasil. Em termos de emprego, a Absolar informa que o País é responsável atualmente pela geração de 570,1 mil empregos desde 2012.
Hewerton Martins, presidente do Movimento Solar Livre, comenta que essa capacidade criadora de empregos aumentou com a chegada aos 79 municípios do Estado, com isso, ele afirma que a expansão de pequenas empresas ligadas ao setor corresponde à principal força da indústria.
“Essa geração feita no interior, que está em Caarapó, Dourados, Cassilândia, Três Lagoas e Nova Andradina, é a responsável pela grande maioria da geração de energia no Estado, é a de geração própria de energia, que está no telhado do consumidor”, comenta.
TAXAÇÃO
Somente em MS, são 47.595 usinas instaladas até o último mês, esse número é em grande parte turbinado por microgeradores, disponíveis ao consumidor doméstico, comercial e proprietários rurais.
Martins comenta que o cenário é extremamente positivo para a microgeração de energia solar até o fim do ano.
“A perspectiva é a corrida para colocar sistemas antes da taxação, e apresenta-se exponencial neste ano”, comenta. No entanto, o empresário levanta preocupação com a dificuldade que a nova legislação impõe para o mercado em 2023.
“O grande ponto agora é o risco que os empregos correm a partir de janeiro de 2023, pela taxação da energia solar”, comenta ele em alusão à promulgação da Lei nº 14.300, em 7 de janeiro de 2022.
A partir do próximo ano, microgeradores serão taxados, mas como essa taxação será feita ainda não está claro.
“Não é sabido como isso vai funcionar, a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] foi inserida para arbitrar e decidir o futuro dos consumidores. Ela tem de determinar a forma de taxação. A meu ver isso tudo é inconstitucional”, critica.
“Vemos que precisa de organização, com uma bancada para retirar o poder dessa lei, definir uma taxação, e não ficar com essa indefinição. Até mesmo porque o futuro de todo o mercado, empresas e consumidores, corre risco de paralisar”, sentencia.
Segundo a Absolar, o Brasil ultrapassou a marca histórica de 19 GW de potência instalada da fonte solar fotovoltaica neste mês de setembro. Somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, equivalente a 9,6% da matriz elétrica do País.
Segundo mapeamento, de janeiro ao início de setembro deste ano, a energia solar cresceu 46,1%, saltando de 13 GW para 19 GW. E, nos últimos 120 dias, o ritmo de crescimento tem sido de um GW por mês, o que colocou a fonte na terceira posição da matriz elétrica brasileira.
De acordo com a entidade, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 99,7 bilhões em novos investimentos, R$ 27,0 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 570,1 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso também evitou a emissão de 27,8 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.CORREIO DO ESTADO.