A Premier League (Campeonato Inglês) contratou uma empresa que vai utilizar vários desses smartphones para traçar a linha de impedimento.
Quem gosta de futebol no Brasil sabe o que é a angústia de ver semana sim, semana também, as polêmicas de arbitragem tomarem conta do noticiário esportivo. Deixando o clubismo de lado, erros e acertos ocorrem para todos os lados. Todos os dias.
O VAR surgiu em 2018 como uma espécie de ferramenta infalível, que ajudaria a resolver todos os problemas. Já se foram quase 6 anos e as coisas parecem ter piorado…
A crise vai muito além do Brasil, embora os nossos torcedores apaixonados tenham a convicção de que estamos perante o pior sistema do mundo. A realidade não é bem essa, tanto que a Premier League, o poderoso Campeonato Inglês, acaba de trocar a empresa responsável pelo árbitro de vídeo.
Os 20 clubes da divisão de elite se reuniram em junho deste ano para discutir o assunto e decidiram pela manutenção do uso da tecnologia. Insatisfeitos com alguns erros, porém, os ingleses optaram pela troca da empresa.
A partir da próxima temporada, a liga mais rica do mundo vai adotar um sistema diferente: saem as câmeras do VAR e entram iPhones e a Inteligência Artificial.
Como vai funcionar esse novo VAR
- A Premier League assinou contrato com a empresa Genius Sports, que, por sua vez, mantém uma parceria com a Apple.
- A ideia é espalhar pelos estádios dezenas de iPhones 14 ou 15.
- Todos os aparelhos estarão equipados com um software de ponta que vai acompanhar os movimentos de todos os jogadores, milimetricamente.
- Milhares de imagens serão capturadas por minuto e uma Inteligência Artificial conseguirá calcular todas as informações geradas pelos smartphones.
- O software pode rastrear 29 pontos dos corpos dos jogadores, criando renderizações deles.
- A Genius chama sua tecnologia de detecção de impedimento de “Tecnologia de impedimento semi-assistida” (SAOT, em Inglês).
- Segundo a empresa, esse sistema vai detectar impedimentos de forma mais precisa e eficiente.
- E de forma muito mais rápida, uma vez que a análise de dados ocorre em tempo real – e é feita por uma máquina.
- Você pode estar se indagando aí do outro lado: mas faz sentido trocar câmeras profissionais de última geração por celulares?
- A resposta é sim.
- Como quem vai analisar os dados é uma IA, ela não precisa de uma imagem perfeita, mas sim do maior número de informações possíveis (o que os vários iPhones darão).
- O preço é outra vantagem importante: apesar de caros, os iPhones são absurdamente mais baratos do que uma câmera profissional que faz imagens em 4K.
- Isso vai permitir que a tecnologia seja utilizada em mais jogos – a um custo menor.
E vai dar certo?
Olha, essa é a pergunta difícil. Assim como o VAR prometia resolver todos os problemas em 2018, a nova tecnologia parece extremamente promissora agora. E olha a que ponto chegamos: criticar o equipamento virou o mais novo esporte nacional.
Ou seja, só poderemos dar uma resposta definitiva sobre esse sistema depois da aplicação prática. E de um tempo razoável de atividade.
O meu palpite é que ele será, sim, colocado em dúvida algum dia. Porque isso é o futebol. Não estou aqui exaltando o erro ou as críticas à arbitragem. Mas entregar um jogo que é 100% emoção para a máquina não parece o mundo ideal.
No fim, para nós, torcedores apaixonados, a decisão correta é sempre aquela que favorece o seu próprio time. E ai de quem falar o contrário. Seja humano, seja máquina.