Imagens foram feitas no Parque Estadual Encontro das Águas, em Mato Grosso, conhecido por ter a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Até o momento, mais de 40 mil hectares do parque foram destruídos pelo fogo.
Por Mariana Mouro, g1 MT
Imagens feitas pelo fotógrafo Gustavo Figueirôa, da ONG SOS Pantanal, mostram um comparativo de incêndios que atingiram o Pantanal mato-grossense em 2023, com o pior período de queimadas, registrado em 2020. As imagens foram feitas no Parque Estadual Encontro das Águas, localizado entre os municípios de Barão de Melgaço e Poconé, a 250 km de Cuiabá. (Veja abaixo).
Na primeira imagem, à esquerda, é possível ver a área, que foi devastada nos incêndios de 2020, quando 92 mil hectares do parque foram destruídos. Esse foi o maior incêndio registrado na região pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1998.
Já na imagem à direita, feita neste ano, o fogo queimou mais de 40 mil hectares, o que representa 37.7% do parque, de acordo com estimativas da plataforma do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ). O parque já perdeu 23,6% da cobertura vegetal somente em 2023.
O parque possui 102 mil hectares e é conhecido por ter a maior concentração de onças-pintadas do mundo.
O fogo já consumiu mais de um milhão de hectares do Pantanal neste ano, o triplo do registrado em 2022, de acordo com dados do Lasa. Somente nos primeiros 15 dias de novembro, foram 3.024 focos, o pior registro para o mês na série histórica desde 2002.
Chuva extingue incêndio
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Chuvas ajudam no controle de focos de incêndios no Pantanal de MT; vídeo
As chuvas dos últimos dias conseguiram ajudar a controlar a sequência de incêndios do Pantanal . Imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) mostram que não há nenhum foco de fogo no bioma nesta segunda-feira (20). (Assista acima).
Porque o Pantanal está queimando?
Pouca chuva e os efeitos do El Niño explicam o recorde de focos de fogo em pleno período chuvoso, que vai de outubro a março, segundo especialistas. De acordo com o meteorologista Guilherme Borges existem regiões isoladas em que não se pode atribuir a culpa dos incêndios à ação humana.
“As pancadas de chuva na região não acumulam valores significativos e geralmente estão acompanhadas por raios. Quando esses raios atingem o solo e entram em contato com a vegetação já muito seca, favorecem a ocorrência de queimadas. Outro fator importante são os ventos, que ajudam a espalhar o fogo com mais facilidade”, explica.
Guilherme ainda destaca que este ano é marcado pelo fenômeno El Niño, caracterizado por deixar a massa de ar mais seca sobre a parte central do país.
Fogo no Pantanal — Foto: g1
Assim, as temperaturas tendem a ficar mais elevadas, enquanto a chuva ocorre de maneira irregular, em pancadas associadas ao forte calor, sem acumular valores significativos que possam combater os focos de incêndio.
O coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinícius Silgueiro, disse ao g1 que a situação atual dos incêndios, neste mês, é um claro indicativo das mudanças climáticas em curso. Segundo ele, os dados revelam a redução dos períodos de chuva, agravada este ano pelo fenômeno El Niño, resultando em um significativo aumento de temperatura.
“Essa situação do bioma pantaneiro mato-grossense dos incêndios faz com que Poconé seja o município líder em área queimada em todo estado de Mato Grosso. Mais de 15% do município já foi queimado”, disse
🔥Pantanal em chamas
O fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal neste ano, o triplo do que foi registrado em 2022, conforme dados do Lasa/UFRJ.
Somente nos primeiros 15 dias de novembro foram 3.024 focos, o pior registro para o mês na série histórica desde 2002, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No dia 14 deste mês, os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram ambiental devido aos incêndios que avançam.
Incêndio na região de Corixo Negro — Foto: Gustavo Figueiroa/SOS Pantanal
Martim-pescador pousa em árvore queimada em Porto Jofre (MT) — Foto: Rogério Florentino/AFP
As 10 áreas mais atingidas pelo fogo são:
- Terra Indígena Tereza Cristina: 50,57%
- Parque Estadual Encontro das Águas: 34,79%
- Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense: 27,31%
- Fazenda Estância Dorochê: 84,50%
- Terra Indígena Kadiweu: 20,10%
- Fazenda Rio Negro: 16,78%
- Poleiro Grande: 80,26%
- Terra Indígena Baía dos Guató: 17,30%
- Serra das Araras: 3,41%
Resgate na Transpantaneira
Ave cabeça seca resgatada — Foto: Equipe GRAD
Uma equipe do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad), resgatou mais animais nessa no dia 16 deste mês, na região da Transpantaneira.
Uma ave da espécie cabeça seca foi encontrada com parte do corpo sangrando e foi atendida pela equipe veterinária.
Em outro registro, é possível ver um sapo se refrescando com água oferecida pela equipe de resgate. A água cai de uma garrafa d’agua que um dos voluntários seguram, enquanto outro está com o animal em mãos.
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Sapo resgatado pela equipe do GRAD
🐆O bioma
O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:
- 🌱3,5 mil espécies de plantas
- 🐟325 espécies de peixes
- 🐸53 espécies de anfíbios
- 🐊98 espécies de répteis
- 🦜656 espécies de aves
- 🐆159 tipos de mamíferos
Onça-pintada, jacaré, tuiuiú, ipês, jacarandás e entre outros integrantes representam o Pantanal. Além disso, ele atua como regulador natural de enchentes, porque absorve e armazena água durante períodos chuvosos.
O Pantanal também funciona como um reservatório de água doce com altitudes que alcançam 150 metros. Seus recursos hidrológicos são importantes para o abastecimento das cidades, onde vivem aproximadamente 3 milhões de pessoas, no Brasil, Bolívia e Paraguai.