Nesta sexta-feira (17), consequências desse cenário catastrófico foram registradas de Norte a Sul do país; reportagem detalha a situação em cada um desses locais.
Por g1
Nas últimas semanas, o Brasil vem sofrendo com eventos climáticos extremos. Nesta sexta-feira (17), consequências desse cenário catastrófico foram registradas de Norte a Sul do país.
Veja alguns exemplos:
▶️ Pará – a seca na Ilha do Marajó causou a morte de jacarés, búfalos, cavalos, peixes e cobras; a estiagem mudou o cenário e os hábitos dos moradores no estado, que hoje veem um campo seco onde antes havia um rio.
▶️ Amazonas – a estiagem severa atrasou o transporte de produtos no Polo Industrial de Manaus; na capital, o Rio Negro ficou abaixo dos 13 metros pela primeira vez em 121 anos de medição.
▶️ Pantanal – o bioma, que fica no Centro-Oeste do país, registrou recorde de queimadas para este período do ano; os milhares de incêndios mataram animais, fecharam uma rodovia e levaram à evacuação de pousadas e fazendas; pouca chuva e os efeitos do El Niño explicam o recorde de focos de fogo em pleno período chuvoso, que vai de outubro a março.
▶️ Rio de Janeiro – a capital do estado teve mais um dia de calor intenso, com temperatura máxima de 39,1°C, depois de ter registrado, nesta quinta-feira (16), o recorde do ano, quando os termômetros chegaram a 40,6ºC.
▶️ São Paulo – a frente fria que chegará neste sábado (18) deve derrubar a temperatura na Região Metropolitana e causar temporais, com rajadas de vento que podem chegar a 100 km/h na capital, no litoral e Vale do Paraíba, alerta que fez o governo estadual montar um gabinete de crise; a previsão de temporal fez a Prefeitura de SP cancelar eventos públicos.
▶️ Santa Catarina – temporais e chuvas de granizo causaram enchentes, quedas de árvores e mortes; rodovias estaduais e federais chegaram a ficar interditadas.
Nesta sexta, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para 17 estados e o Distrito Federal por conta dos temporais que devem ocorrer nos próximos dias. A situação deve ser mais crítica na região Sul, que já vinha enfrentando fortes chuvas na semana passada, e em boa parte dos estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste, as mais impactadas pela onda de calor.
Os dados indicam que o ápice da onda de calor ocorreu nesta sexta, e os meteorologistas apontam trégua nos recordes de temperaturas elevadas. Em São Paulo, as máximas devem cair entre 11°C e 14°C até a segunda-feira (20).
Leia, abaixo, mais sobre a situação em cada um desses locais:
Pará
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Seca atinge comunidades e a fauna da Ilha de Marajó, no Pará
Moradores do Marajó enfrentam problemas com a seca na Amazônia. Comunidades entre as cidades de Chaves e Santa Cruz do Arari, por exemplo, ficaram sem água. Além de rios secando, animais morreram, incluindo jacarés, búfalos, cavalos, peixes e até cobras. Os governos federal e estadual acompanham a situação.
“Uma vida tão difícil sem água para fazer as coisas, para a gente beber, para as crianças beberem, até para os animais está difícil”, lamenta a moradora Aurilene Alato Lima.
Em todo Pará, ao menos 20 municípios tiveram reconhecimento federal de situação de emergência por causa da estiagem e da seca. A baixa de rios ameaça também a navegabilidade. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) anunciou repasse de recursos.
A baixa de rios ameaça também a navegabilidade. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) anunciou repasse de recursos.
Amazonas
Foto feita no início de novembro mostra a seca de 2023 na foz do Igarapé do Quarenta na altura do bairro Educandos em Manaus — Foto: Carlos da Matta/SGB/CPRM
Após apresentar oscilações, o Rio Negro voltou a ficar abaixo dos 13 metros em Manaus. Nesta sexta, a cota ficou em 12,96 metros, no Porto de Manaus, onde o nível do rio é medido todos os dias.
Em 121 anos de medição, este foi o primeiro ano que o Rio Negro fica abaixo dos 13 metros. A seca de 2023 é considerada a pior da história de Manaus desde 1902, ano em que o nível do rio passou a ser monitorado.
Pantanal
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Até o momento, foram registrados mais de 3 mil focos de incêndio
Nesta semana, os incêndios no Pantanal chegaram à rodovia Transpantaneira, que liga o município de Poconé, a 104 km de Cuiabá, a Porto Jofre, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. No entanto, o bioma já vem queimando há mais de 30 dias, nos dois estados.
O fogo consumiu mais de 1 milhão de hectares da biodiversidade, o triplo do que foi registrado no ano de 2022 inteiro. É o pior novembro em número de incêndios em 21 anos.
Pouca chuva e os efeitos do El Niño explicam o recorde de focos de fogo em pleno período chuvoso, que vai de outubro a março, segundo especialistas. De acordo com o meteorologista Guilherme Borges existem regiões isoladas em que não se pode atribuir a culpa dos incêndios à ação humana.
“As pancadas de chuva na região não acumulam valores significativos e geralmente estão acompanhadas por raios. Quando esses raios atingem o solo e entram em contato com a vegetação já muito seca, favorecem a ocorrência de queimadas. Outro fator importante são os ventos, que ajudam a espalhar o fogo com mais facilidade”, explica o especialista.
Guilherme ainda destaca que este ano é marcado pelo fenômeno El Niño, caracterizado por deixar a massa de ar mais seca sobre a parte central do país. Assim, as temperaturas tendem a ficar mais elevadas, enquanto a chuva ocorre de maneira irregular, em pancadas associadas ao forte calor, sem acumular valores significativos que possam combater os focos de incêndio.
O coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinícius Silgueiro, disse ao g1 que a situação atual dos incêndios, neste mês, é um claro indicativo das mudanças climáticas em curso. Segundo ele, os dados revelam a redução dos períodos de chuva, agravada este ano pelo fenômeno El Niño, resultando em um significativo aumento de temperatura.
Com mais de 3 mil focos de calor nesta sexta, a fumaça tem se espalhado para além da região do bioma. Imagens captadas por satélites mostram o avanço da névoa para região Sul e Sudeste do país.
Rio de Janeiro
Em mais um dia de intenso calor no Rio de Janeiro, os termômetros da cidade chegaram a marcar 39,1°C, nesta sexta. A temperatura máxima foi registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por volta das 15h, na Vila Militar, na Zona Oeste do Rio.
Os números desta sexta não chegaram a bater o recorde de calor no ano, marca registrada na última quinta-feira, quando os termômetros chegaram a 40,6ºC, segundo o Inmet. O recorde anterior era de 40,4ºC, registrado no domingo (12), na estação da Vila Militar.
Com a forte onda de calor, a sensação térmica na cidade também alcançou números alarmantes.
Segundo o Climatempo e os especialistas do Inmet, a umidade do ar na cidade está entre 40% e 50%. Com isso, a a sensação de calor nesta sexta-feira variou de 43°C a 46°C entre 12h e 15h.
De acordo com o Sistema Alerta Rio, órgão da Prefeitura do Rio, a sensação térmica no município chegou a 59,3°C. A medida é apontada pela prefeitura como a maior sensação térmica já registrada desde 2014, quando o órgão começou a fazer a medição.
São Paulo
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Defesa Civil emite alerta de temporais para São Paulo no fim de semana
A frente fria que chegará a São Paulo neste sábado (18) deve derrubar a temperatura na Região Metropolitana. As máximas devem cair entre 11°C e 14°C até a segunda-feira (20), segundo as previsões do Inmet e do Climatempo.
Além da queda nos termômetros, a frente fria também deve provocar temporais, com rajadas de vento que podem chegar a 100 km/h na capital, no litoral e Vale do Paraíba, segundo o Inmet.
Na previsão do Climatempo, os termômetros no sábado devem chegar à marca de 36°C na capital paulista e, no domingo (19), despencar para 26°C de máxima. Na segunda-feira (20), Feriado da Consciência Negra no estado de São Paulo, a temperatura máxima deve ser de 24°C. Diferença de 12°C em relação ao sábado.
Já na previsão do tempo do Inmet, os termômetros sairão de 37°C na cidade de São Paulo no sábado para, no máximo, 23°C no feriado de segunda-feira. Diferença de 14°C.
Por causa da previsão de temporais, a Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu um alerta para fortes ventos no estado entre sexta (17) e domingo (19).
Por conta do alerta para risco de temporal, o governo paulista montou um gabinete de crise.
Na capital, a Prefeitura decidiu, por recomendação da Defesa Civil do estado, cancelar grandes eventos abertos a partir de sábado às 16h.
Eventos em comemoração ao Dia da Consciência Negra serão afetados. A decisão não atinge eventos privados, como o show do RBD, por exemplo.
Ao todo, são 55 eventos. A decisão foi tomada após uma reunião no Palácio dos Bandeirantes com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), prefeits de 33 municípios e a Defesa Civil do estado.
A pasta também informou que as concessionárias responsáveis pelo fornecimento de energia no estado, como a Enel, apresentaram um plano de contingência para aumentar a quantidade de agentes para o atendimento da população no caso de algum problema com a falta do fornecimento de energia.
Santa Catarina
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Alagamentos, deslizamentos e prejuízos: imagens do 2º dia de fortes temporais em SC
Novos temporais em Santa Catarina causaram estragos entre o fim da noite de quinta e a madrugada desta sexta. Cidades do Oeste do estado e do Vale do Itajaí, que concentram municípios importantes e populosos como Chapecó e Blumenau, foram as mais afetadas com enchentes, alagamentos, queda de árvores e destelhamentos. Também houve queda de granizo em algumas áreas.
Duas pessoas morreram depois que o carro em que estavam afundou em uma área alagada por causa da chuva, em Taió.
Em Florianópolis, uma casa de madeira desabou por conta do grande volume de chuva no bairro Agronômica. Já em Lages, maior cidade da Serra, uma casa foi atingida por um deslizamento de terra.
Rodovias estaduais e federais também tiveram interdições na manhã desta sexta. O caso mais grave ocorreu na BR-470, em Ibirama, onde a queda de barreira deixou os dois sentidos bloqueados