São 286 pessoas à espera de uma vaga em UTI em todo o estado, segundo dados da Sesa. Secretaria afirma que nenhum paciente está desassistido.
Por Pedro Brodbeck, G1 PR — Curitiba
A fila de espera por leitos de UTI Covid-19 no Paraná dobrou em 30 dias, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Em 13 de abril, 143 pessoas aguardavam por uma vaga em UTI no estado. Na quinta-feira (13), um mês depois, a fila era de 286 pacientes.Fila de espera por leitos de UTI Covid-19 no ParanáNúmero de pacientes à espera de uma vaga dobrou em 30 dias
O número ainda é menor do que o atingido no período mais grave da pandemia do coronavírus no estado, quando a fila chegou a 700 pessoas aguardando transferência, mas aponta para uma piora no quadro ao longo das semanas.
“Isso é reflexo de uma piora gradativa no número de casos e no aumento da gravidade das infecções de duas ou três semanas atrás. São índices preocupantes”, afirmou o presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná, Rafael Deucher.
No período, a ocupação de leitos de UTI do SUS se manteve no mesmo patamar, variando entre 93% e 95%. A diferença é que, em números absolutos, o estado atingiu o maior número de pacientes internados em UTI do SUS para Covid-19 em toda a pandemia, com mais de 1,8 mil pessoas internadas nestas condições.
A proporção de leitos ocupados só não voltou aos 97%, maior patamar atingido em março, porque foram abertos quase 300 leitos de UTI no Paraná ao longo de 60 dias.
Leitos de enfermarias
A fila por vagas em enfermarias também cresceu na comparação entre 13 de abril e 13 de maio. No mês passado, eram 167 à espera de uma vaga em enfermaria. Na quinta-feira (13), a fila era de 265 pacientes.
A piora do índice acontece ao mesmo tempo que o número total de pessoas internadas com Covid-19 ou suspeita da doença volta a atingir à marca de 5 mil pacientes.Total de pessoas internadas com Covid-19 ou suspeita da doença no ParanáApós mais de 30 dias, estado voltou a registrar mais de 5 mil internados
O número leva em conta internações em enfermarias e UTI tanto em hospitais públicos quanto em privados.
Aumento de casos
Com a piora no cenário, governo estadual e prefeituras cogitam endurecer as regras novamente.
Na quinta-feira (13), o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, afirmou que o aumento de casos pode fazer com que novas regras de restrição sejam mais rígidas.
“Estamos enfrentando um pequeno acréscimo de casos nos últimos dias. Tivemos um uma queda sustentada, mas agora vemos um novo aumento nos casos”, disse Beto Preto.
A secretária municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, também disse que é possível que a cidade precise voltar para a bandeira vermelha para conter o avanço de casos.
Em 30 dias, média móvel de casos aumentou de 3,7 mil para 4,5 mil.
Mortes por Covid-19
Diferentemente dos demais índices, a média móvel de mortes caiu de 263 para 99. Segundo o presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná, no entanto, a tendência é de que os números voltem a aumentar nos próximos dias.
“O paciente passa cerca de 13 dias na UTI. São pacientes graves. Se os números de internamentos vem aumentando, os números de mortes, infelizmente, podem sentir esse reflexo dias depois”, afirmou Deucher.
O que diz a Sesa
A Sesa informou que a fila de espera por leito em hospitais não significa que o paciente esteja desassistido.
“Todos os pacientes que aguardam em fila para internação em leito exclusivo Covid estão recebendo atendimento, seja em UPAs ou hospitais de pequeno porte. Este atendimento nestas unidades é similar ao que recebem em leitos exclusivos”, informou a secretaria, em nota.
Segundo a Sesa, apenas em março, o Paraná ampliou a rede hospitalar em 1,4 mil vagas, o que equivale a pelo menos 14 hospitais de campanha com 100 leitos cada. “O Estado optou por investir na Rede hospitalar própria, visando deixar um legado pós-pandemia no atendimento hospitalar”, disse.
A secretaria reforçou que recomenda que a população deve manter as medidas preventivas para conter a disseminação da Covid-19, como distanciamento social, deixar os ambientes ventilados, evitar aglomeração, usar máscara de proteção individual de forma adequada e fazer higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel 70%.