Dólar passa de R$ 5,65, com juros americanos e Galípolo no radar; Azul desaba 24% na bolsa

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, opera em queda nesta quinta-feira, depois de novo recorde de pontuação na véspera.

Por g1

Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira (B3), fechou em alta nesta quarta-feira (28), e bateu novo recorde histórico de pontuação: 137.344 pontos.

Na máxima do dia, chegou a 137.469 pontos, também recorde de pontuação durante o pregão. A bolsa foi beneficiada pela boa performance de Petrobras e de Itaú Unibanco.

Por aqui, investidores repercutem a indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central (BC), à presidência da instituição.

No exterior, segue a expectativa pela divulgação de um novo indicador de inflação nos Estados Unidos, na próxima sexta, que pode dar indícios de qual será o tamanho do corte de juros americanos, em setembro.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar fechou em alta de 0,99%, cotado a R$ 5,5564. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 1,41% na semana;
  • recuo de 1,73% no mês;
  • alta de 14,51% no ano.

No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,18%, cotada em R$ 5,5021.

Ibovespa

O Ibovespa teve alta de 0,42%, aos 137.344 pontos.

Com o resultado de hoje, o Ibovespa acumulou:

  • alta de 0,86% na semana;
  • alta de 7,15% no mês;
  • ganhos de 1,93% no ano.

Na véspera, o Ibovespa fechou em queda de 0,08%, aos 136.776 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O maior fato do cenário corporativo é a queda brusca das ações da Azul, que caiam mais de 24% nesta quinta-feira, pior desempenho com folga do Ibovespa.

Uma reportagem da Bloomberg News diz que a Azul está estudando uma forma de resolver seu endividamento, com alternativas que vão de uma nova oferta de ações até a apresentação de um pedido de recuperação judicial.

A companhia também está trabalhando ativamente para realizar uma combinação de negócios com a Gol para convencer os credores de que uma nova entidade combinada teria níveis de dívida mais baixos e melhores perspectivas de crescimento.

Principal destaque da agenda econômica nacional é a indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central (BC). Galípolo atualmente faz parte da diretoria do BC.

A indicação foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto.

“O presidente da República me incumbiu de fazer um comunicado aqui de que hoje ele está encaminhando ao Senado Federal o indicado dele para a Presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo, que hoje ocupa a Diretoria de Política Monetária do Banco”, declarou Haddad.

Haddad também explicou que, a partir do anúncio, o governo vai “começar a trabalhar para definir os três nomes que irão compor a diretoria até o final do ano”.

Escolhido pelo presidente da República, Galípolo ainda precisa receber o aval do Senado Federal antes de assumir o cargo.

A indicação de Galípolo foi bem recebida por agentes do mercado financeiro. Desde sua nomeação para a diretoria, em maio do ano passado, especulava-se que ele poderia ser o futuro indicado de Lula à presidência da instituição.

O mercado, inclusive, desconfiou que a proximidade entre eles pudesse gerar interferência política nas decisões de taxa de juros do país. Mas a atuação e declarações de Galípolo em mais de um ano de BC deram algum conforto de que ele comandaria o BC com um olhar técnico.

Analistas ouvidos pelo g1 reforçam que ele ainda precisará confirmar na prática que o BC continuará independente. Em especial, porque Lula passou os dois primeiros anos de mandato criticando a presidência da instituição.

Ainda no Brasil, foram divulgados os números do mercado formal de trabalho. A economia brasileira gerou 188 mil empregos formais em julho deste ano, informou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O resultado representa crescimento de 32,3% em relação a julho do ano passado, quando foram criados cerca de 142,1 mil empregos com carteira assinada.

De acordo com o Ministério do Trabalho, 1,49 milhão empregos formais foram criados no país nos sete primeiros meses deste ano.

No cenário internacional, os olhos continuam nos Estados Unidos, que divulgam o PCE, indicador de inflação favorito do Fed para tomar suas decisões sobre as taxas de juros no país, na sexta-feira. Esse indicador mede a variação dos preços considerando apenas uma cesta dos produtos e serviços mais consumidos pela população.

O Fed se reúne em setembro para decidir o futuro das taxas de juros e há uma grande expectativa de que a instituição corte os juros.

Na última sexta-feira (23), o presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, afirmou que “chegou a hora” de cortar os juros dos Estados Unidos, o que melhora as perspectivas para investimentos de risco no mundo todo.

“Faremos tudo o que pudermos para apoiar um mercado de trabalho forte, ao passo em que progredimos mais em direção à estabilidade de preços”, disse Powell, que também garantiu que a instituição “não busca e nem recebeu bem uma desaceleração nas condições do mercado de trabalho”.

Os juros americanos estão no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano. E havia expectativa desde o início do ano para o momento em que o Fed fosse iniciar o ciclo de redução das taxas.

Depois de vários adiamentos por conta dos dados mais fortes de inflação e atividade da economia americana, o mercado de trabalho dos EUA começou a mostrar um desaquecimento no início deste mês e os resultados de inflação voltaram a mostrar que os preços estão mais comportados.

Com isso, Powell afirmou na sexta-feira que o atual nível das taxas de juros dá “amplo espaço” para que o Fed responda aos riscos, inclusive os números baixos de emprego. Essa afirmação joga ainda mais luz a uma dúvida que tomou os mercados nas últimas semanas: qual será a magnitude do corte promovido pelo Fed em sua próxima reunião.

Juros menores tendem a impulsionar a atividade econômica por baratear a tomada de crédito para pessoas e empresas. Além disso, a queda das taxas também diminui a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), considerados os mais seguros do mundo, o que beneficia ativos de risco, como mercados de ações e moedas de outros países.