O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (21), atento ao clima negativo nos mercados externos, com aumento dos casos de Covid-19 na Europa e denúncias sobre lavagem de dinheiro nos EUA, enquanto temores domésticos sobre a saúde fiscal brasileira continuavam impulsionando a busca pela segurança da moeda norte-americana.
A moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 0,38%, a R$ 5,3999. Ao longo do dia, chegou a flertar com os R$ 5,50. Com o resultado, o dólar acumula queda de 1,50% no mês. No ano, tem alta de 34,64%. Segundo participantes do mercado, os movimentos de venda de ativos arriscados nesta segunda refletiam os temores sobre uma possível retomada de lockdowns nas principais economias, já que os casos de coronavírus voltaram a disparar na Europa, com o Reino Unido avaliando um segundo lockdown nacional após os novos casos aumentarem em ao menos 6 mil por dia.
“Estamos vendo uma piora relevante no quadro sanitário da Europa nos países que começaram a abrir a economia a partir de abril”, explicou à Reuters Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. “Com certeza essa maior aversão a risco eleva a demanda por segurança, e o principal ativo procurado em momentos de cautela é o dólar.”
Os mercados também seguem atentos à revelação de um grupo de jornalistas investigativos mostrando que documentos secretos do governo dos EUA apontam que grandes bancos, como JP Morgan Chase e o HSBC, ignoraram seus próprios alertas e têm sido lenientes em relação à lavagem de dinheiro.
Os registros se referem a clientes de bancos em mais de 170 países. A investigação, coordenada pelo Consórcio de Jornalistas Investigativos (ICIJ), contou com uma rede de 400 jornalistas de 110 veículos em 88 países para investigar as operações suspeitas. No Brasil, o desconforto com a cena fiscal permanece em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do governo de financiar programas de assistência social sem desrespeitar o teto de gastos.
Os investidores avaliam também os dados do Boletim Focus, que aponta para uma melhora nas estimativas para o PIB deste ano – a previsão agora é de uma queda de 5,05%. No ano de 2020, o dólar acumula salto de cerca de 35% em relação ao real, impulsionado pelo cenário local de incertezas políticas e econômicas, além do ambiente de juros extremamente baixos, que diminuem a rentabilidade de ativos locais atrelados à taxa Selic.
Fonte: Fiems