O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 28, em queda firme, abaixo da linha de R$ 4,90, acompanhando a onda de enfraquecimento da moeda americana lá fora, em especial na comparação com divisas de exportadores de commodities, em dia de avanço superior a 2% das cotações do petróleo. As taxas dos Treasuries de 2 e 5 anos despencaram após declaração de dirigente do Federal Reserve levar o mercado a aumentar as apostas de corte de juros nos EUA a partir de maio de 2024. Indicadores domésticos divulgados hoje – como o IPCA-15 de novembro e o resultado primário do Governo Central em outubro – foram recebidos sem sobressaltos.
Tirando certa instabilidade em parte da manhã, quando registrou máxima a R$ 4,9094, o dólar à vista operou em queda ao longo da sessão, descendo até mínima a R$ 4,8590 à tarde, em sintonia com o exterior. Houve relatos de entrada de capital para a bolsa doméstica, o que teria contribuído impulsionar o real. No fim do dia, o dólar à vista recuava 0,57%, cotado a R$ 4,8719, levando as perdas em novembro para 3,36%. Em 2023, a moeda apresenta desvalorização de 7,73%.
Segundo operadores, players já deram início à rolagem de posições no segmento de câmbio futuro e às movimentações para a disputa em torno da última taxa ptax de novembro, na próxima quinta-feira, 30. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para dezembro apresentou giro razoável, com volume negociado acima de US$ 13 bilhões.
“O movimento do câmbio hoje é muito em função da queda das taxas dos Treasuries, o que anima todas as moedas. As que mais se valorizam são as ligadas às commodities, como real e o dólar australiano”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que o retorno da T-note de 10 anos está no nível mais baixo em dois meses. “Para o Brasil, especificamente, está ajudando a alta da soja e do petróleo. O minério de ferro, apesar de estar caindo hoje, permanece num nível alto”.
Lá fora, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, com destaque para o euro e o iene – passou o dia em baixa firme e rompeu o piso dos 103,000 pontos, operando na casa dos 107,000 pontos no fim da tarde. A taxa a T-note de 2 anos, mais ligada às expectativas em torno da política monetária americana, caiu mais de 2%, para a casa de 4,73%, nos menores níveis desde julho.
No início da tarde, o diretor do Fed Christopher Waller disse que vê um abrandamento da atividade e que a “política monetária está claramente contribuindo para a rápida melhoria da inflação”, embora os índices ainda estejam elevados. Na outra ponta, a diretora Michelle Bowman disse que, em seu cenário principal, o Fed teria que subir mais os juros para levar a inflação à meta de 2%. As declarações de Waller ecoaram com mais força nas mesas de operação. Plataforma de monitoramento do CME Group mostra que crescimento das chances de o BC americano cortar a taxa básica em 100 pontos-base em 2024, com a primeira redução em maio do próximo ano.