Caverna tem acesso à superfície e poderá servir para que futuros exploradores instalem os seus acampamentos
Pesquisadores descobriram evidências de uma caverna subterrânea na Lua, acessível a partir da superfície, que pode ser “ideal” para a construção de uma futura base lunar.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o acesso à caverna está localizado no ‘Mare Tranquillitatis’ (Mar da Tranquilidade), a cerca de 400 quilômetros do local onde os astronautas da missão Apollo 11, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, pousaram pela primeira vez na década de 1960. A entrada para a gruta é através do poço mais profundo conhecido na Lua.
Esse poço, assim como outros mais de 200 encontrados na região, foi formado pelo colapso de um tubo de lava (túnel formado por lava solidificada).
Os dados, obtidos por um radar da sonda LRO da NASA, que está em órbita lunar desde 2009, foram comparados com resultados de tubos de lava na Terra.
Estima-se que a gruta tenha 45 metros de largura e até 80 metros de comprimento, equivalente a 14 quadras de tênis. A estrutura estaria a uma profundidade de 150 metros.
Segundo o pesquisador Lorenzo Bruzzone, da Universidade de Trento, na Itália, a caverna seria “provavelmente um tubo de lava vazio” e poderia servir como “um abrigo natural contra o ambiente lunar hostil”.
Além disso, há interesse em estudar as rochas dentro das cavernas lunares, que podem conter segredos sobre a formação da Lua e sua história vulcânica.
“Sistemas de cavernas lunares foram propostos como ótimos locais para futuras bases tripuladas, já que o teto espesso das cavernas de rocha é ideal para proteger pessoas e infraestrutura das variações de temperatura da superfície lunar e da radiação de alta energia que atinge a superfície”, afirmou a professora de Ciências da Terra da Universidade de Manchester, Katherine Joy.
“No entanto, atualmente sabemos muito pouco sobre as estruturas subterrâneas abaixo dessas entradas”, acrescentou.
A maioria dos poços está localizada nas antigas planícies de lava da Lua, e os pesquisadores acreditam que pode haver alguns na região do polo sul, onde a NASA planeja enviar astronautas novamente em 2026, incluindo a primeira mulher e o primeiro negro.
Até agora, apenas astronautas norte-americanos, todos homens, estiveram na superfície da Lua, entre 1969 e 1972.
Os cientistas também sugerem que crateras permanentemente sombreadas, como as do polo sul, podem conter gelo que poderia fornecer água potável para os astronautas e combustível para foguetes.
O estudo, publicado hoje na revista científica Nature Astronomy, sugere que pode haver centenas de grutas na Lua e milhares de tubos de lava que poderiam servir como abrigo natural para os astronautas, protegendo-os de raios cósmicos, radiação solar e pequenos meteoritos.
Rochas e outros materiais dentro dessas cavidades, inalterados pelas duras condições da superfície ao longo do tempo, também podem ajudar os cientistas a entender melhor a evolução da Lua, especialmente no que diz respeito à sua atividade vulcânica.