- Especuladores também estão testando qual é o limite de alta da cotação até o Banco Central intervir com mais firmeza no mercado
- Por Da Redação5 mar 2020, 10h36 – Publicado em 5 mar 2020, 09h10
São Paulo — O dólar comercial superou o patamar de 4,60 reais logo após a abertura dos negócios nesta quinta-feira, subindo pelo 12° dia consecutivo, em meio à crescente expectativa de que o Banco Central brasileiro vai seguir o americano e cortar a taxa básica de juros Selic para tentar amortecer os efeitos econômicos negativos da epidemia global de coronavírus. Os especuladores no mercado de câmbio também estão testando o BC para tentar entender até que ponto a autoridade monetária vai permitir que a moeda americana continue subindo antes de intervir de forma mais firme.
Para tentar conter a alta do dólar, o Banco Central realizou entre às 9h30 e 9h40, um leilão de US$ 1 bilhão via swap cambial. Às 10h30, a moeda amenizou os ganhos e subia 0,48% sendo negociada por 4,60 reais. Para analistas do mercado, a intervenção é pequena e alterar pouco o movimento natural de alta.
A disparada do dólar nos últimos dias acompanha as chances de queda da Selic, com o mercado já projetando uma taxa abaixo de 4% em 2020. Há dois dias, em uma reunião extraordinária, o Federal Reserve, banco central americano, cortou a sua taxa de juros de referência em 0,5 ponto percentual, para entre 1% e 1,25% ao ano. O objetivo é encorajar empresas e consumidores a tomar mais crédito para investimentos produtivos ou para compras e evitar que a atividade econômica desacelera em meio ao pânico com o coronavírus, que tem feito fábricas fechar e turistas cancelarem viagens.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) se reúne a cada 45 dias. A próxima reunião ordinária está marcada para 17 e 18 de março. Se o BC reduzir a Selic, atualmente em 4,25% ao ano, investidores internacionais que aplicavam o seu dinheiro no Brasil podem sair do país em busca de alternativas mais interessantes e com menos risco. Aí, precisam comprar dólares no mercado para mandar os recursos para outro lugar. O aumento da demanda pela moeda americana faz a cotação subir.
Para indicar ao mercado que vai continuar fornecendo dólares a quem precisa comprar — por exemplo, importadores que têm compromissos no exterior a honrar ou subsidiárias locais de multinacionais que precisam fazer remessas de lucros — e tentar evitar o pânico no mercado, o BC vai vender no mercado hoje até 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020.