Engana-se quem pensa que o maior preço por metro quadrado entre os imóveis residenciais no País está em São Paulo ou Rio de Janeiro. As duas cidades nem sequer integram o pódio, composto, respectivamente, por Balneário Camboriú (SC), Itapema (SC) e Vitória (ES). A capital paulista aparece em quarto lugar, seguida por Florianópolis, Itajaí e Rio de Janeiro. As informações são do ranking de julho deste ano elaborado pela FipeZAP+.
Enquanto os preços do metro quadrado dos imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro ficam em R$ 10.549 e R$ 9.926, respectivamente, Balneário Camboriú lidera com folga, com preço médio de R$ 12.335.
De acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão, o que encarece o preço na cidade, um destino turístico de famosos como Neymar, é o desenvolvimento da região, a facilidade de acesso via estradas e aeroportos e a alta procura por apartamentos.
“O preço do metro quadrado em Balneário Camboriú não é uma questão de déficit habitacional, como pode acontecer por oferta e demanda. A cidade é relacionada ao veraneio, e também aos investimentos feitos no alargamento da praia.” Segundo ele, o que impacta os preços dos imóveis não é tanto o valor do metro cúbico de concreto, uma commodity tabelada, mas sim a localização. “Os preços do litoral de Santa Catarina têm muito a ver com a disputa pela praia e pela paisagem.”
No fim de julho, a renomada construtora FG Empreendimentos lançou um comercial estrelado por ninguém menos que o ícone do futebol português, Cristiano Ronaldo. O foco da publicidade, direcionada a atrair clientes no exterior, foi no empreendimento One Tower. Lançado em dezembro do ano passado, o edifício residencial mais alto da América Latina tem 290 metros de altura e 84 andares. Com 20 ambientes de áreas de lazer, cada apartamento foi vendido por cerca de R$ 15 milhões.
O empreendimento não é o mais caro da região atualmente. A própria FG Empreendimentos tem imóveis à venda por até R$ 65 milhões. O mais caro disponível é um apartamento de cobertura do edifício Titanium. Com os próximos lançamentos, a empresa apresentará ao mercado apartamentos de até R$ 120 milhões.
Na plataforma Zap Imóveis, terrenos de 5.000 m² são vendidos a R$ 45 milhões, e de 84 mil m², por R$ 140 milhões. Apartamentos prontos também estão anunciados com valores entre R$ 8 milhões e R$ 12 milhões.
Em Itapema, uma unidade de frente para o mar no edifício Palazzo del Mare, com 300 m², sai por R$ 5 milhões. Em Vitória, o apartamento na cobertura do edifício Life Garden também sai por R$ 5 milhões.
Cyro Naufel, diretor institucional do Grupo Lopes, pondera que o destaque de cidades fora do eixo Rio-SP no topo do ranking da FipeZap+ pode ser explicado pela diversidade de casas e apartamentos vendidos nessas capitais.
“Em imóveis, São Paulo vai de A a Z. Quando falamos da média, ela é prejudicada ao avaliar lugares bem menores. Para efeito estatístico, as primeiras colocadas têm variação de preço menor, o que faz a média ser alta no raciocínio estatístico. Por terem média alta, há picos de alta de preço muito fortes. Por isso, mesmo sendo cidades pequenas, a média ficou acima de SP”, afirma Naufel.
“Vitória teve um grande empreendimento no ano passado com apartamentos sendo vendidos a R$ 20 mil por metro quadrado. Vitória, assim como Vila Velha, é uma cidade que teve valorização local, não foi em razão de turistas”, afirma.