Natural de Ponta Porã (MS), o delegado de polícia Patrick Linares da Costa está há seis anos na Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Hoje, atuando na delegacia do município de Antônio João, fronteira com o país vizinho Paraguai, ele fala dos desafios de garantir a lei e a ordem em uma região de fronteira seca.
“A fronteira é um local bastante peculiar em razão da intensa atividade do crime organizado, visto que é um local estratégico para a entrada de drogas e armas no país, bem como para a saída de veículos roubados e furtados Brasil adentro, que acabam rumando ao país vizinho. O maior desafio que pude constatar é a facilidade com que os criminosos se ocultam à ação dos órgãos de persecução, pois basta atravessar a linha divisória entre países e se dificultam os feitos investigativos. Muitos criminosos usam telefones paraguaios, documentos falsos de origem estrangeira e armas sem qualquer lastro de registro nos cadastros nacionais e isso se torna um complicador, principalmente em investigações mais complexas, pois embora seja quase sempre possível tomar ciência da dinâmica criminosa, a coleta de elementos informativos suficientes para levar a uma denúncia e condenação dos suspeitos resta prejudicada”, explica o delegado.
Patrick Linares fala sobre a relação com a polícia do país vizinho que, segundo ele, é cordial, de troca de informações e de colaboração, na medida do possível. “A grande rotatividade de policiais do lado paraguaio da fronteira normalmente não possibilita o estabelecimento de uma troca mais constante de ajuda, mas em regra existe disponibilidade para resolução dos problemas locais, já que as cidades não podem ser tratadas de forma isolada”, diz.
O delegado está na delegacia da cidade desde o mês de dezembro de 2019, após pedir remoção da segunda delegacia de Ponta Porã, unidade onde trabalhou por quase cinco anos, também lidando com todos os tipos de crime que atingem a região de fronteira. A transferência para Antônio João foi uma solicitação dele, com o objetivo de buscar uma mudança de ambiente, onde ocorrem outros tipos de criminalidade e adquirir novas experiências. “A cidade é pequena e acolhedora, onde tive a felicidade de encontrar uma equipe comprometida com o serviço policial e com a solução dos problemas locais”.
Sua primeira lotação foi na cidade de Nova Andradina, onde trabalhou por aproximadamente um ano, atendendo também em plantão integrado as cidades de Batayporã e Taquarussu. “Foi onde aprendi a trabalhar, contando sempre com o apoio dos colegas mais experientes, já conhecedores da região e da polícia. Após essa experiência no Vale do Ivinhema fui removido para Ponta Porã, minha cidade natal e onde eu nunca imaginava trabalhar. A assunção de tamanha responsabilidade demandou um período de abnegação quanto à vida pessoal e disposição para o enfrentamento dos novos desafios decorrentes da dinâmica do serviço. Foram anos de muito trabalho e convivência com policiais que me ajudaram muito com a experiência adquirida na atuação nesta região”, conta.