A Amaggi, uma das maiores produtoras de grãos e fibras do país, com faturamento de quase US$ 5 bilhões em 2019, assinou contrato para a aquisição das operações do grupo argentino El Tejar no Brasil. Com isso, a gigante brasileira vai incorporar mais 62 mil hectares e elevar sua capacidade de produção em 34%. O valor do negócio, que depende do aval das autoridades regulatórias, não foi divulgado.
Os detalhes da negociação
Especulada há cerca de dois anos, a aquisição foi oficializada no fim da última semana. A área de produção de soja, milho e algodão do Grupo O Telhar Agro – nome da subsidiária da empresa argentina – está distribuída por 14 propriedades em oito municípios de Mato Grosso. Do total, 34 mil hectares estão em fazendas próprias e 28 mil em lavouras arrendadas. Outros 900 hectares são dedicados ao confinamento de gado.
Entre os ativos adquiridos pela Amaggi estão estruturas de armazenagem e plantas de beneficiamento de algodão em fazendas próprias. As unidades de produção do El Tejar estão nos municípios de Alto Paraguai, Campo Novo do Parecis, Nova Ubiratã, Novo Santo Antônio, Novo São Joaquim, Primavera do Leste, Rondonópolis e Santo Antônio do Leste.
“Ganhamos em sinergia por iniciar a atuação com produção agrícola em regiões de Mato Grosso onde já atuamos na comercialização de grãos, inclusive com ativos de armazenagem, logísticos e industriais”, afirmou o presidente da Amaggi, Judiney Carvalho, em nota. A Amaggi – que é controlada pela família do ex-ministro Blairo Maggi, que atualmente preside o conselho da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) -, espera começar a operar uma nova fábrica de biodiesel em Lucas do Rio Verde em 2022.
Sustentabilidade nos negócios da Amaggi
Com a operação do El Tejar, a Amaggi também tem por objetivo ampliar sua participação no mercado mundial de soja certificada, com foco na sustentabilidade das lavouras. As fazendas que serão incorporadas serão adaptadas para atender às práticas de produção, governança e gestão da empresa e conquistar certificações como RTRS (Round Table on Responsible Soy Association) e ProTerra.
A Amaggi informou que responde por 30% da comercialização global de soja certificada. “Temos a expectativa e o objetivo de entregar ao mercado mundial ainda mais volumes certificados. Esse tipo de produção é zero desmatamento, rastreável e auditada com critérios socioambientais mais rigorosos que a legislação do setor”, disse o presidente da Amaggi.
No Brasil desde 2003, o El Tejar chegou a ser considerado um dos maiores produtores de soja do país. Adotou inicialmente uma agressiva estratégia de terceirização, que levou o levou a contar com 260 mil hectares de plantio em 2010. As restrições na legislação brasileira para compra de terras por estrangeiros limitaram a atuação do grupo. Atualmente, a companhia emprega cerca de 900 pessoas.
A Amaggi produziu 1,1 milhão de toneladas de grãos e fibras na safra 2019/20. Foram 564 mil toneladas de soja, 480 mil de algodão e 20 mil de milho. Entre produção própria e de terceiros (a empresa mantém relações comerciais com mais de 6 mil agricultores) vendeu 17,6 milhões de toneladas no país e no exterior.