Psicóloga da FGV EAESP – SP e CEO da Uliving indicam maneiras de melhorar adaptação de pais e filhos quando estes saem de casa, atenuando o surgimento de Transtornos Mentais
ASíndrome do Ninho Vazio é uma realidade comum para muitos pais quando seus filhos decidem seguir seus próprios caminhos e sair de casa, principalmente ao ingressarem em uma universidade. E, apesar de ser um processo natural e esperado, essa fase pode gerar sentimentos de tristeza, solidão e até mesmo culpa para ambas as partes, caso não lidem com ela de forma saudável.
Segundo a psicóloga Maria Danielle Tavares, especialista no tema e atuante na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP), o primeiro passo para encarar a síndrome é a aceitação. “Não se trata de uma doença, mas sim de um conjunto de características e emoções que surgem com a mudança na dinâmica familiar, impactando a todos os envolvidos”, afirma.
Se demorarem para aceitar esse período de transição, Maria ressalta que há uma chance maior de psicopatologias se formarem no caminho, como ansiedade e depressão. “Ao mesmo tempo que os pais sentem orgulho de ver os filhos partindo em busca dos seus sonhos, podem se sentir perdidos, sem saber quais são os seus novos papéis como cuidadores/responsáveis. Além disso, muitos jovens também não estão preparados para sair de casa e a saudade chega ao ponto de interferir em suas vidas cotidianas longe de casa”, complementa.
Para ajudar as famílias a lidar com a Síndrome do Ninho Vazio, a psicóloga trouxe cinco dicas para reforçar aspectos como diálogo, planejamento e apoio entre os seus integrantes. Confira:
Encontrar uma moradia adequada: acomodações bem estruturadas, seguras e acolhedoras são indispensáveis para essa nova etapa da vida do jovem. Na jornada acadêmica, por exemplo, o modelo de moradia que geralmente é o preferido dos pais por amparar os estudantes em todos os âmbitos dessa fase é o student housing. De acordo com Ewerton Camarano, CEO da Uliving, pioneira no segmento no Brasil e parceira da FGV-SP, esses espaços se destacam por serem pensados como “comunidades seguras, que garantem que o aluno tenha uma base sólida de apoio durante toda a sua vida universitária”.
“Preparar o terreno” para a separação: Maria aponta que pais e filhos tendem a passar por uma fase de aceitação e adaptação menos sofrida quando não se separam de maneira abrupta. O próprio Camarano enfatiza que há algumas precauções que ajudam a não causar esse choque de realidade no momento em que os jovens estão começando uma jornada acadêmica, como “conhecer e se familiarizar com as prováveis cidades e regiões próximas das instituições de ensino e moradias universitárias antes do início dos cursos”, afirma o CEO.
Buscar outras fontes de apoio: investir em hobbies, cursos, novas amizades, trabalho voluntário ou retomar projetos profissionais antigos também são alternativas para diminuir os efeitos negativos da Síndrome do Ninho Vazio. Sobre isso, a psicóloga explica que “a mente passa a ter outros focos de atenção quando os pais se conectam com outras atividades e fontes sociais, que equilibram a preocupação com a nova fase da vida dos filhos”.
Ajudar os filhos a focar na gestão emocional e de tempo: o auxílio dos pais nos desafios que os filhos passam a enfrentar fora de casa é imprescindível para lidar com a Síndrome do Ninho Vazio. Nas universidades, Camarano ressalta que estabelecer contato com pessoas que passam por esses mesmos obstáculos também pode trazer aprendizados importantes. “Os calouros que moram juntos em nossas moradias universitárias se identificam instantaneamente, já que são jovens que têm as mesmas demandas e podem se apoiar para organizarem suas rotinas de tarefas e lazer”, destaca.
Buscar a comunicação ideal: a tecnologia pode ser uma grande aliada para manter um diálogo ativo quando os jovens estão estudando ou trabalhando a milhares de quilômetros de distância. Para a psicóloga, encontrar novas formas de interagir é fundamental, principalmente nas relações acostumadas com o contato físico. “Os pais devem investir em novas formas de comunicação com os filhos sem exercerem um controle excessivo, priorizando o amparo emocional”, conclui a especialista.