A terra da massa agora também é a terra da maconha, ou ao menos de uma versão “light” da erva mais polêmica do planeta. Claro é que da Itália que estamos falando, onde a nova mania em lojas especializadas é a comercialização de flores de cânhamo, uma “prima” da maconha que também pertence ao gênero Cannabis. Embora a venda de maconha medicinal seja legal no país desde 2006, o consumo recreativo ainda é proibido, apesar de que os italianos parecem ter dado um jeitinho para resolver o problema…
Glamurama explica: é que uma lei aprovada lá em dezembro de 2016 liberou a produção de cânhamo, cujo efeito psicoativo é de no máximo 0,3% de Tetrahidrocanabinol (THC). Só para efeito de comparação, o THC da maconha varia entre 10% e 30%, dependendo de fatores como o ambiente de cultivo e o processamento. O resultado é que agora é possível encontrar flores de cânhamo sendo vendidas em floriculturas de Roma e outras cidades, com nomes sugestivos como “K8”, “Chill Haus”, “Cannabismile White Pablo” e “Marley CBD”.
Em tese, essas flores só podem ser compradas por “colecionadores”, que não precisam confirmar nada além da maioridade. Ingeri-las ou consumi-las de qualquer outra forma também é terminantemente proibido, mas até onde se sabe as autoridades também não vão atrás de ninguém pra checar o que acontece. E o sucesso é tão grande que o fenômeno já está sendo chamado de “a corrida do ouro verde”.
Lá pelos anos 1940, a Itália chegou a ser a segunda maior produtora mundial de maconha industrial, atrás apenas da União Soviética (dados relativos à China, outra potência na área, não existem). Em décadas seguintes a “erba” (erva, em italiano) passou a ser mais associada ao mundo do crime e perdeu a popularidade. Mas isso está mudando, e um dos responsáveis pela virada de jogo é Paolo Molinari, que no fim do ano passado transformou um bar que tinha no centro de Roma em showroom da marca de flores de cânhamo que criou, a Erda di Roma (Erva de Roma).
O negócio é altamente popular com turistas, e surgiu depois que Molinari concluiu que a legalização da maconha recreacional em vários estados dos Estados Unidos terá impacto no resto do mundo. “A legalização [nos EUA] criou empregos, reduziu a criminalidade e o contrabando por maconha de má qualidade, sem falar nos impostos que gera”, ele disse ao “The New York Times”. “Por que proibir uma substância que gera renda para o estado e que as pessoas usam de um jeito ou de outro?”. “Non ci piove”, diriam os conterrâneos mai0s pragmáticos dele. (Por Anderson Antunes)