Temer tenta barrar processo no Congresso
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir por 4 votos a 3 livrar o presidente Michel Temer da cassação, o próximo desafio do peemedebista será na Câmara dos Deputados. Na próxima semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar denúncia contra o pesidente e o ex-assessor Rocha Loures, com base da delação do dono da JBS, Joesley Batista. A Constituição determina que a abertura de processo seja autorizada pela Câmara, por 2/3 dos deputados.
Temer já se mobiliza para ter os 172 votos necessários para barrar a abertura do processo contra ele, o que o levaria a se afastar do cargo por 180 dias. O presidente tem recebido deputados, aprovado pacote de bondades e usado nomeações no Diário Oficial para agradar a base.
Os pedidos de impeachment esbarram também na mesma barreira na Câmara. Ainda que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), mude de posição e aceite e abra um processo de impeachment contra Temer, o caso só vai adiante se dois terços dos deputados aprovarem.
De acordo com assessores, Temer tem os votos suficientes para barrar tanto a análise da denúncia contra ele pelo Supremo quanto um impeachment.
O quadro pode mudar caso haja novas revelações sobre o presidente. A pressão sobre Temer cresceu desde a prisão de Loures e a revelação de que o presidente viajou, em 2011, com a primeira-dama em um avião da JBS.
A expectativa recai hoje sobre a possível delação de Rocha Loures. O ex-deputado, no entanto, usou o direito de ficar calado no depoimento sexta-feira à Polícia Federal.
Temer e Loures são investigados por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa. Loures é acusado de receber R$ 500 mil em propina da JBS em nome do presidente. O suposto suborno seria a primeira parcela de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme o sucesso das transações da empresa. Para o procurador-geral, Loures era o “longa manus” do presidente, um faz-tudo.
As investigações sobre Temer e Loures começaram a partir da delação premiada do executivos da JBS, entre eles Joesley Batista. Na conversa gravada com Temer no porão do Palácio do Jaburu, Batista disse que, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima investigado e fora de circulação, precisaria de um outro interlocutor que falasse em nome do presidente. O empresário fez a pergunta depois de discorrer sobre vários crimes e interesses da JBS em cargos e decisões estratégicas governo. Temer indicou Loures.
O empresário, então, perguntou se poderia tratar de “tudo” com Loures. “Tudo”, respondeu Temer. Dias depois, Loures foi gravado acertando com Batisa cargos e decisões do governo federal mediante pagamento de propina. Na cena seguinte, o ex-assessor foi flagrado recebendo uma mala de R$ 500 mil entregue a ele por Ricardo Saud a mando de Batista. Um dos executivos da JBS a fazer delação, Saud era um dos operadores da propina da empresa.