Exclusivo: Panama Papers arrasta políticos de MS para dentro do furacão mundial
Fabiano Inove
Cúpula do PR envolvida no escândalo Panama Papers reunida: Londres, Paulo Corrêa e Arroyo
Após a Operação Ararath no Mato Grosso em 2014 que investiga crimes financeiros no Mato Grosso, a Polícia Federal ajudou em parte a desvendar o maior rede de corrupção e lavagem de dinheiro da história mundial, ao menos no Brasil, a Panama Papers. Um gigantesco vazamento de 11,5 milhões de documentos expôs a relação de importantes figuras mundiais e nacionais – entre empresários, políticos, magistrados, esportistas e personalidades culturais – com o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, dentre as empresas a JBS/Friboi. Dono da JBS filiado ao PMDB e maior financiador do PT cai na Panama Papers
Desde meados dos anos setenta, importantes bancos do mundo, como o suíço UBS e o britânico HSBC, trabalham ou trabalharam com esse escritório, dentre outros para administrar os ativos offshore (opacos) dos seus clientes. A seguir, offshores investigadas na Lava-Jato, como a Piemonte e Treviso, aparecem com sede reconhecida em cartório no Panamá. Estas empresas financiaram vários políticos pelo Brasil,em especial políticos de Mato Grosso do Sul.
O objeto da Piemonte Old Inc. é amplo. De acordo com escritura da Notaria Décima del Circuito do Panamá, a empresa atua dentro e fora do país latino-americano em várias atividades, como comprar, vender, negociar, emprestar ou tomar empréstimo, abrir e administrar contas bancárias em qualquer parte do mundo e “efetuar todos os atos, contratos, operações, negócios e transações de comércio lícito”. Registros do Panamá consideram a empresa ativa.
Conforme levantamento da força-tarefa da Lava Jato que o Portal i9 teve acesso em primeira mão.Os investigadores conseguiram identificar os seguintes políticos de Mato Grosso do Sul que receberam dinheiro das offshores panamenha, Treviso e Piemonte.
Aparece na lista dos investigadores da Lava-Jato como doações recebidas das offshores panamenha, o decano Londres Machado, candidato a vice-governador de Delcídio do Amaral na campanha de 2014 – comandante do PR no estado, os nomes dos deputados Paulo Corrêa, Graziele Machado, filha de Londres, e do ex deputado estadual Antonio Carlos Arroyo, todos do PR.
Aparece também na lista de candidatos investigados em MS, os nomes do ex-vereador Alceu Bueno (PSL), cassado por pedofilia, do prefeito de Ponta Porã Ludimar Novais (PDT), o ex-vereador Marcelo Bluma (PV), e do candidato ao governo pelo partido progressista e braço direito de Bernal, o vereador pela cidade de Corumbá Evander Vendramini. Do PT, aparece os nomes do senador Delcídio do Amaral, preso na Lava-Jato, do presidente do partido aqui em Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Biffi, do diretório estadual e do diretor-presidente do FUNASA, o ex-deputado estadual Pedro Teruel.
A firma foi aberta por Luís Miguel Hincapié, sócio do Morgan & Morgan e hoje vice-chanceler do Panamá. A Piemonte Old Inc. tem Camargo como presidente, seu filho Júlio Belardi como vice e o funcionário Franco Clemente Pinto como tesoureiro, segundo documentos obtidos pelo Portal i9. De acordo com Youssef, Franco tinha um pendrive com arquivo da contabilidade de repasses de dinheiro a Dirceu. Assim como Youssef,Camargo é considerado um “profissional da lavagem de dinheiro” pela força-tarefa de procuradores que investiga o caso.
O executivo da Toyo Setal disse à Polícia Federalque a Piemonte, a Treviso e a Aguri eram as empresas dele usadas para movimentar as propinas dentro e fora do Brasil. Relatou ainda manter contas bancárias na Suíça, no Uruguai e nos Estados Unidos. Por essas empresas, ele fez doações eleitorais de R$ 4,2 milhões entre 2008 e 2012, a maior parte para o PT, mas também para PPS, PTB, PP, PDT e PR, entre outras legendas. Camargo disse que que os valores não tinham a ver com propinas