Daniel Carvalho, do Estadão Conteúdo
Brasília – Na maior manifestação antigoverno realizada em Brasília desde o ano passado, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, foi tratado como “herói nacional”.
Neste domingo, 13, 100 mil pessoas foram à Esplanada dos Ministérios segundo o Governo do Distrito Federal (GDF). De acordo com os organizadores, 200 mil pessoas foram ao ato, encerrado pouco depois do meio-dia.
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Eram várias as referências a Moro. Havia grito de guerra, máscaras e camisetas. Do alto do trio elétrico, locutores ensinavam à multidão como fazer com os dedos um “M” para representar o juiz, citado também em paródias – “Dá-lhe, Moro! Dá-lhe, Moro!” – e em faixas, como as que diziam “eu ‘Moro’ de amor pelo Brasil”, “Deixa o Moro trabalhar” e “STF é PT. Moro é Brasil”, esta última uma crítica ao Supremo Tribunal Federal, responsável pelas decisões da Lava Jato que envolvem aqueles que têm foro privilegiado.
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“Juiz Sérgio Moro, nós, o povo brasileiro, estamos do seu lado! Confie! Cumpra seu dever e faça justiça! O Senhor (com ‘S’ maiúsculo mesmo) nos representa! Nós, o povo brasileiro, hoje nas ruas de todo País, apoiamos o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça brasileira!”, diz manifesto lido no encerramento da manifestação.
De capa presa ao pescoço tal qual o Super Homem e um boneco inflável do juiz federal na mão, o empresário Guilherme Desordi, 27, se autointitulava “Super Sérgio Moro”.
“Ele hoje é o maior herói do País”, afirmou, ao lado do sobrinho de 1 ano, que brincava com um mini-Pixuleco, boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trajado como presidiário. A versão gigante do boneco foi inflada diante do Congresso Nacional.
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram lembrados pontualmente. Os principais alvos foram a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Do alto do trio elétrico, o manifesto que enalteceu Moro foi duro com a petista. O texto, distribuído ao manifestantes, cobrava também a “retirada imediata da presidente Dilma Rousseff”.
“Ela não nos representa!”, leu um entusiasmado locutor. “Basta de impostos! Chega de demagogia!”, disse sob aplausos. “O povo brasileiro quer viver num País democrático, livre e justo! Basta de manobras contrárias ao interesse público! Queremos os criminosos na cadeia!”, dizia o manifesto lido.
Ao microfone pessoas se revezavam bradavam que o ex-presidente Lula é um “ladrão sem vergonha roubando o Estado brasileiro”. “Fora Dilma e Lula na cadeia”, berrava outro manifestante.
“Eu sei que não tem petralha aqui, mas vai que tem um infiltrado”, dizia o locutor ao alertar as pessoas a terem cuidado com carteiras e telefones celulares. Em coro, a multidão gritava “a nossa bandeira jamais será vermelha”, em referência à cor do PT, e “Lula na cadeia”.
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Dos carros de som também se ouvia uma série de músicas, a maioria paródias de músicas famosas. O refrão do funk “Baile de Favela” era cantado como “A Dilma é baile de propina / O Lula é baile de propina”.
A canção “A muriçoca soca” foi transformada em música que dizia “quem pica é a mosquita”, em alusão a uma fala da presidente Dilma, que, em campanha contra o vírus zika, ao citar a fêmea do Aedes aegypti, Dilma usou a palavra “mosquita”. A música “Gasolina” foi cantada assim: “Aumento da gasolina. Quem mandou votar na Dilma?”.
Alguns políticos de oposição participaram do evento em Brasília, mas não chegaram a discursar no trio elétrico oficial. O pastor Silas Malafaia discursou e foi vaiado. Os organizadores se desesperaram e tentaram antecipar o fim do ato, ativando canhões de papel picado e executando o Hino Nacional. Às 12h02, a manifestação estava encerrada.EXAME
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