Como Trump pode mudar a NASA e o futuro da exploração espacial

Com nova administração, NASA vai sofrer mudanças significativas e empresas privadas terão um papel ainda maior

Donald Trump volta ao poder nos Estados Unidos nesta segunda-feira (20). Mesmo antes de assumir, os primeiros nomes indicados pelo presidente mostram que o novo mandato, pelo menos em relação à exploração espacial, poderá ser bem diferente daquele que se encerrou em 2021.

Desde o programa Artemis até um possível abandono do SLS, Trump pode mudar bastante o futuro dos EUA (e de certa forma do mundo) no espaço.

As mudanças mais impactantes devem ocorrer dentro da NASA. Para assumir o cargo de administrador no lugar do ex-astronauta Bill Nelson, Trump indicou o bilionário Jared Isaacman, que já foi ao espaço em voos privados da SpaceX. Aliás, o CEO da principal empresa espacial privada, Elon Musk, é outro que vai ocupar um cargo importante na nova administração.

Isso já mostra como as empresas privadas podem ter uma influência ainda maior dentro da NASA.

Jared Isaacman, líder da missão Polaris Dawn, lançada em uma espaçonave da SpaceX e novo chefe da NASA. Crédito: Inspiration4 Photos / Flickr

Marte mais perto e a Lua mais longe?

O maior desafio da NASA nos próximos anos (e em todo o governo Trump) certamente deve ser o programa Artemis, que inclusive começou no mandato anterior do presidente. Com prazos atrasados e problemas no orçamento, o programa pode estar ameaçado, o que inclusive já foi indicado por Musk.Play Video

O CEO da SpaceX disse que a Lua é uma distração, e que a agência deveria focar em ir direto para Marte. “Estamos indo direto para Marte. A lua é uma distração”, escreveu no X.

Elon Musk com o rosto de lado e os braços abertos
Imagem: Kathy Hutchins/Shutterstock

Curiosamente, Musk tem um contrato com a NASA para usar a Starship como módulo de pouso dos astronautas da Artemis 3 na Lua. A tripulação vai decolar usando o Sistema de Lançamento Espacial (SLS), mas vai pousar no solo lunar com a espaçonave de Musk.

Mas o desenvolvimento da Starship também não anda muito acelerado, o que coloca ela como um dos principais empecilhos da futura missão à Lua.

Mesmo com influência no novo governo, Musk não deve conseguir mudar os planos radicalmente com facilidade, já que o congresso tem muita influência na NASA e o programa Artemis já está bem avançado (inclusive com bilhões de dólares gastos na última década).

“A nova Administração Trump pode tentar pular a lua e ir direto para Marte , mas espero que eles encontrem a mesma reação do Congresso que Obama encontrou quando propôs isso em 2010”, disse Marcia Smith, que tem 40 anos de experiência em política espacial e é fundadora e editora da SpacePolicyOnline, ao Space.com. “O Congresso quer um programa da lua para Marte, não um ou outro.”

Mudanças no foguete

O SLS, megafoguete descartável da NASA preparado para as missões lunares, também está em xeque. O foguete da NASA foi criticado por Musk, que vê a Starship como o futuro da exploração espacial.

“A nova administração pode tentar cancelar o SLS, mas tem muito apoio no Congresso, que criou o SLS em primeiro lugar no NASA Authorization Act de 2010”, explicou.

“Sinceramente duvido que o SLS como um todo seja cancelado, mas não ficaria surpresa se o Bloco IB fosse encerrado em favor de alternativas comerciais que nem estavam nas pranchetas em 2010, mas estão entrando em operação agora”, completou. O Block 1B é uma versão ainda mais poderosa prevista para o novo foguete.

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