A presença de um super-Terra entre Marte e Júpiter causaria instabilidades orbitais e climáticas, tornando a Terra quase inabitável
Ana Luiza Figueiredo 27/11/2024 13h39
Um estudo recente conduzido por cientistas do Instituto de Tecnologia da Flórida, nos Estados Unidos, simulou uma versão alternativa do nosso Sistema Solar. Nele, foi inserido um planeta do tipo super-Terra entre Marte e Júpiter.
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Os resultados indicam que a presença de um corpo celeste com essas características poderia desestabilizar o equilíbrio orbital e climático da Terra, dificultando ou até inviabilizando a existência de vida como conhecemos.
As super-Terras, planetas maiores que a Terra, mas menores que Netuno, são comuns em sistemas planetários de outras estrelas na Via Láctea. No entanto, sua ausência no Sistema Solar parece ser fundamental para a estabilidade das órbitas dos planetas internos e, consequentemente, para a habitabilidade do nosso planeta.
A simulação de um Sistema Solar alternativo
- Os cientistas Emily Simpson e Howard Chen modelaram como seria o Sistema Solar se um super-Terra orbitasse o Sol entre Marte e Júpiter.
- Caso os gigantes gasosos tivessem se formado com menos massa durante a fase inicial do Sistema Solar, poderia haver espaço e material suficiente para o surgimento de um planeta assim nessa região.
- Chen explicou que, apesar de a configuração do nosso Sistema Solar ser incomum, sistemas com super-Terras em posições similares podem ser frequentes em outras partes da galáxia.
- Essas condições, no entanto, poderiam comprometer gravemente a habitabilidade de planetas rochosos próximos.
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Impactos de um super-Terra nas órbitas e clima
A presença de um super-Terra em nosso Sistema Solar poderia desestabilizar as órbitas dos planetas rochosos, como Marte, Vênus e a própria Terra. A gravidade de um planeta tão massivo alteraria as órbitas para formatos mais excêntricos e inclinados, resultando em mudanças drásticas nas condições climáticas. Os planetas poderiam enfrentar verões e invernos extremos, além de transições rápidas entre eras glaciais e períodos de aquecimento.
De acordo com os pesquisadores, os piores cenários envolvem planetas entre 10 e 20 vezes mais massivos que a Terra. “Quanto maior a massa do super-Terra, pior se torna a situação,” afirmou Chen. Um planeta com órbita altamente excêntrica seria ainda mais destrutivo, empurrando os planetas vizinhos para trajetórias instáveis.
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Habitação em cenários instáveis
Mesmo um super-Terra com massa apenas um pouco maior que a da Terra poderia gerar desafios significativos à habitabilidade do nosso planeta. Segundo o estudo, um planeta com cerca de duas vezes a massa do nosso planeta, posicionado entre Marte e Júpiter, causaria climas mais extremos, mas ainda deixaria o planeta, em média, habitável.
Esses resultados levantam questionamentos sobre a habitabilidade de outros sistemas planetários. Mesmo planetas localizados na chamada “zona habitável” podem enfrentar dificuldades para sustentar vida caso dividam seu sistema com super-Terras, cujas influências gravitacionais podem causar climas extremamente instáveis.
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