Há cerca de 41 mil anos, os polos magnéticos da Terra se inverteram durante o Evento Laschamp – e você pode “ouvir” esse episódio agora
Uma animação baseada em dados da Agência Espacial Europeia (ESA) permite “ouvir” uma representação sonora do campo magnético da Terra durante o Evento Laschamp, uma breve inversão dos polos magnéticos ocorrida há cerca de 41 mil anos.
Esse evento temporário afetou o campo magnético, que normalmente protege o planeta das partículas solares e ocasionalmente gera auroras ao interagir com elas.
O campo magnético da Terra não é estático. Segundo a NASA, nos últimos 200 anos, esse escudo protetor enfraqueceu cerca de 9%, embora ainda seja o mais forte dos últimos 100 mil anos.
Além disso, o polo norte magnético está em movimento contínuo. Desde que foi identificado em 1831, ele se deslocou mais de 1.100 km para o norte-noroeste, com sua velocidade aumentando de 16 para 55 km por ano.
Polos magnéticos da Terra se invertem de forma aleatória
As inversões dos polos podem ocorrer aleatoriamente em intervalos que variam entre 10 mil e 50 milhões de anos. A última inversão completa aconteceu há 780 mil anos, mas, durante o Evento Laschamp, o campo magnético mudou temporariamente.
Cientistas analisaram sedimentos da época e descobriram que a inversão durou cerca de 440 anos, com o campo magnético operando apenas 25% de sua força atual. A troca de polaridade foi ainda mais rápida, levando apenas 250 anos.
Pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca e do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (GFZ) usaram dados da missão Swarm, da ESA, para criar uma experiência audiovisual desse evento.
Além de mapear o movimento das linhas do campo magnético, a equipe produziu uma paisagem sonora com ruídos naturais, como o som de pedras caindo e madeira rangendo. O resultado é uma atmosfera sonora incomum e um tanto assustadora, que podemos conferir no vídeo abaixo:
Embora algumas teorias associem o Evento Laschamp à extinção da megafauna australiana e dos neandertais, especialistas questionam essa conexão devido à falta de evidências consistentes sobre mudanças climáticas naquela época.
Independentemente disso, o som desse evento histórico pode ser apreciado “sem culpa”, já que não há consenso sobre seu impacto direto nesses desaparecimentos.
OLHAR DIGITAL