Consumidores deixam de usar cheques e lojistas agradecem
“Não aceitamos cheque”. A frase não é difícil de ser vista na porta das lojas de Campo Grande. Segundo os consumidores está ‘complicado tirar o talão de casa’ já que os comércios, dificilmente, recebem cheques. Para os lojistas, a inadimplência é a explicação.
Há três anos, um posto de gasolina do centro da Capital aboliu o uso de cheques. “Nós até colocamos uma placa aqui na frente, só aceitamos dinheiro ou cartão de débito. A gente até vende mais barato o combustível justamente para só trabalhar com pagamento à vista. Se eu compro à vista, tenho que vender à vista”, afirma o gerente Militão Renovato Pires.
Cansada de ficar no prejuízo, Rosimeri Nakasse, proprietária de uma ótica, mudou as regras na hora de aceitar o cheque. “Os clientes preferem o cartão mesmo, mas quando aparece cheque nós até aceitamos. Mas, só sob consulta. A gente aceita, mas consulta o nome no Serasa”, explica.
Nas ruas há quem se queixe da mudança. “Eu até tenho talão em casa, mas acabo nem usando porque os comerciantes não aceitam. E os que aceitam, consultam antes”, reclama a cabeleireira Valdelici Lyra de Almeida.
Já a dona de casa Maria de Fátima da Silva prefere pagar no cartão. “É uma demora quando a gente chega na loja e pede para pagar no cheque. Eles vão consultar, enrolam muito. Por isso, eu prefiro pagar à vista e pronto”.
Inadimplência
A insegurança dos lojistas na hora de aceitar cheque tem explicação. A inadimplência com cheques foi recorde em janeiro, segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. O percentual de devoluções foi de 2,41%, maior patamar para um mês de janeiro de toda a série histórica, iniciada em 1991.
Rosimeire mostrou três cheques que foram estornados nos últimos meses. “É difícil aceitar cheque por causa disso, tem muitos que voltam”, cita.
“A gente só pega cheque de clientes antigos. De resto, deixamos de usar faz tempo porque a inadimplência era muita alta. Quem usava cheque, hoje escolhe o crediário”, afirma a gerente de uma loja de roupas, Katiusce Peixoto.
Mesma explicação tem o gerente de uma loja de roupas, Ulisses Evangelista Júnior. “Não trabalhamos mais com cheque há anos porque teve uma época que a inadimplência era muito grande. Adotamos o crediário e até o pessoal prefere assim”, disse.
Para a proprietária de uma loja de cosméticos, Sirlei Mariotti, o problema é que o cheque é usado como crédito, e não como meio de pagamento. “A gente já levou muito calote, não dá pra negar. O pessoal não sabe usar, por isso, adotamos o cartão. Ele é mais seguro. De clientes antigos até aceitamos uma entrada e quatro cheques, mas normalmente, facilitamos para pagamento no cartão, assim o pessoal pode pagar em até seis vezes”, explica.
Fonte: Midiamaxnews