Além da sensação de que 2024 está mais quente, mais seco e com mais queimadas, os dados coletados no Brasil e ao redor do mundo confirmam essa percepção como uma realidade inegável. Estamos vivenciando o que muitos especialistas já chamam de uma Nova Era Climática, que teve início no final do século XX. Essa nova fase não apenas exige que mitiguemos os riscos climáticos, mas também que adaptemos nossas práticas e tecnologias a um cenário global em transformação.
A crescente frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos sinalizam uma mudança constante e irreversível. É nesse contexto que surge a necessidade de soluções tecnológicas inovadoras que nos permitam não apenas lidar com esses desafios, mas também nos adaptar rapidamente.
Mesmo em uma hipótese ideal, na qual as emissões de gases de efeito estufa fossem drasticamente reduzidas, o desmatamento cessasse e adotássemos práticas mais sustentáveis, levaria décadas até que o planeta respondesse a essas mudanças. Portanto, não só estamos em uma Nova Era Climática, mas também em uma Nova Era de Adaptação Humana.
Um dos sinais mais visíveis dessa nova realidade é o aumento significativo dos incêndios e queimadas em todo o mundo. Vale destacar que esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. Segundo o projeto FIRMS, da NASA, todos os continentes estão enfrentando esse desafio (vide figura), com destaque para a África, onde até mesmo áreas de floresta tropical têm registrado milhares de focos de calor.
Claro que a atenção mundial recai sobre o Brasil, que abriga o ecossistema mais biodiverso do planeta e desempenha um papel central no agronegócio global. Não podemos esquecer que o mundo terá de dobrar a produção de alimentos até 2050, quando seremos cerca de 10 bilhões de pessoas, e o Brasil será um dos principais atores para atender a essa demanda.
Nesse cenário, surge a pergunta: como a tecnologia pode contribuir no monitoramento e prevenção de incêndios? O sensoriamento remoto por satélites permite o acompanhamento dos focos de calor, mas geralmente com um atraso de algumas horas, o que pode ser crítico para ações imediatas.
Empresas inovadoras estão desenvolvendo soluções baseadas em câmeras de altíssima resolução e machine learning, capazes de identificar focos de calor em tempo real, permitindo que as brigadas de incêndio atuem rapidamente.
Outra tecnologia promissora é o uso de drones, que se destacam pela agilidade e acesso a áreas remotas. A empresa italiana Betulla, por exemplo, desenvolveu um sistema que utiliza drones para monitorar incêndios 24 horas por dia. Ao detectar um foco de calor, drones especializados são imediatamente enviados para combatê-lo. Esse projeto está em fase avançada, e em breve, veremos drones atuando como aliados essenciais na batalha contra as queimadas.
Em resumo, estamos vivendo uma Nova Era Climática e, felizmente, contamos com a tecnologia e a inovação para nos apoiar nesse processo de adaptação. A rápida evolução dessas ferramentas será cada vez mais fundamental para enfrentar os desafios desse novo mundo.