Pesquisas recentes mostram que a música pode melhorar a retenção de informações e alterar a carga emocional de memórias
Dois estudos recentes liderados por Yiren Ren, doutorando na Universidade Georgia Tech (EUA), revelam que a música pode potencializar o aprendizado e alterar emoções associadas a memórias existentes. As descobertas podem ser aplicados em intervenções para condições, como depressão e demência.
O primeiro estudo examinou como a música pode influenciar a formação de novas memórias, enquanto o segundo investigou se a música pode alterar a carga emocional de memórias antigas
Os pesquisadores introduziram música emocional durante a recordação de memórias para ver se o conteúdo emocional dessas memórias poderia ser modificado.
Detalhes do primeiro estudo
- Participaram da pesquisa 44 adultos saudáveis, que passaram por teste de memória episódica em três fases: codificação, recordação e recuperação;
- No primeiro dia, os participantes ouviram histórias e classificaram suas emoções;
- No segundo, durante ressonância magnética funcional (fMRI), eles revisaram palavras associadas às histórias anteriores enquanto ouviam música positiva, negativa ou ficavam em silêncio;
- No terceiro dia, realizaram testes de recordação e reconhecimento das histórias.
Os resultados mostraram que a música emocional, especialmente a positiva, pode influenciar o tom emocional das memórias. Quando a música de fundo era positiva, os participantes foram menos propensos a selecionar palavras associadas a emoções negativas.
O impacto da música na retenção de novas informações enquanto se estuda sempre foi tema controverso. Por conta disso, no segundo estudo, os pesquisadores investigaram se ouvir música pode ajudar ou prejudicar a aprendizagem e, se ajudar, quais tipos de música são mais eficazes.
Detalhes do segundo estudo
- No estudo, 48 participantes (25 mulheres) com idades entre 18 e 24 anos foram convidados a aprender a identificar formas abstratas enquanto ouviam diferentes tipos de música: uma com tonalidade, ritmo e melodia familiares e outra com características atonais e irregulares;
- Os resultados mostraram que a música familiar e bem estruturada facilitou o aprendizado e a memória das formas, permitindo que os participantes aprendessem mais rapidamente;
- Em contraste, a música irregular dificultou significativamente a codificação da memória. Os pesquisadores sugerem que a música previsível ajuda o cérebro a construir “estrutura” para as novas informações.
Essas descobertas podem ter implicações importantes para o desenvolvimento de terapias baseadas em música para condições, como Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão, bem como estratégias de reabilitação para populações idosas, incluindo pessoas com demência.