Gelo da Lua deverá ser derretido para consumo dos astronautas e conversão em ar respirável – iniciativas nesse sentido são premiadas
Como se sabe, a humanidade está prestes a retornar à Lua por meio das missões Artemis, da NASA, e, desta vez, o local de pouso é o polo sul lunar, uma região promissora pela presença de gelo de água, essencial para futuras missões de longa duração.
Espera-se que a água da Lua não apenas possa ser consumida, como também decomposta em oxigênio e hidrogênio, fornecendo ar respirável e combustível. No entanto, transformar o gelo lunar em água utilizável é um desafio complexo.
Pensando nisso, foi lançado o Aqualunar Challenge (Desafio Aqualunar), uma iniciativa conjunta entre as agências espaciais do Reino Unido e do Canadá. O objetivo é descobrir métodos viáveis para que futuros astronautas convertam o gelo lunar em água líquida. Recentemente, os organizadores anunciaram os dez finalistas do Reino Unido, cada um com uma proposta inovadora.
A tarefa não é simples. O gelo lunar está misturado com regolito, uma camada de poeira e fragmentos rochosos. Ao derreter, essa mistura cria uma pasta arenosa que precisa ser purificada. Além disso, as tecnologias devem suportar as condições extremas do polo sul lunar, como o frio intenso e as partículas de poeira afiadas, tudo isso mantendo a massa mínima e necessitando de pouca manutenção.
“Os astronautas não podem depender de componentes enviados da Terra e não será possível trocar filtros ou apertar parafusos regularmente”, destacou Meganne Christian, astronauta reserva da Agência Espacial do Reino Unido (UKSA) e uma das juízas do desafio.
Ultrassom, centrifugador e espelhos podem ajudar a consumir a água da Lua
Entre os finalistas, há abordagens variadas e criativas. O projeto Lunasonic, por exemplo, derrete o gelo e utiliza ondas de ultrassom para purificação, semelhante a um limpador de joias. Já o Purificador de Plasma de Gelo Regolito para Exploração Lunar (RIPPLE) vaporiza o gelo, empurrando-o para um vórtice que remove poluentes, similar a um centrifugador de salada. Outra proposta, o Cálice de Ganimedes, usa espelhos para concentrar a luz solar em um crisol (refratário resistente a temperaturas elevadas) de gelo, fervendo os contaminantes sucessivamente até restar água limpa.
As equipes têm até março de 2025 para desenvolver suas tecnologias com o incentivo financeiro de 30 mil libras esterlinas (em torno de R$218 mil). Os vencedores serão anunciados no Reino Unido, incluindo um campeão e dois vice-campeões.
Enquanto isso, no Canadá, a competição também está em andamento. Oito semifinalistas foram anunciados e serão reduzidos a quatro finalistas no início de 2025. O vencedor canadense será conhecido no início de 2026.
Essas inovações são cruciais para o sucesso das missões Artemis e futuras explorações lunares. Transformar gelo lunar em água potável e utilizável é um passo fundamental para a sustentabilidade de missões de longo prazo na Lua e além.