Divulgação de balanços corporativos positivos nos EUA, Europa e China faz a moeda recuar mais de 1% ante o real
O otimismo tomou conta dos mercados globais nesta quinta-feira (27), após a divulgação de balanços corporativos positivos nos Estados Unidos, na Europa e na China. Isso fez o dólar recuar mais de 1% ante o real, o que recolocou a moeda norte-americana abaixo do nível psicológico de R$ 5 no Brasil.
Após três quedas consecutivas, o Ibovespa fechou o dia em leve alta, de 0,60%, a 102.923,31 pontos, diante de sessão de ganhos acentuados em Wall Street. Na cena doméstica, Vale subiu com lucro trimestral abaixo do esperado, e Petrobras caiu em meio à escolha do seu Conselho de Administração. O volume financeiro somou R$ 22,4 bilhões.
O movimento foi influenciado pelo desempenho dos principais índices em Nova York, que subiram entre 1,6% e 2,4%. Balanços corporativos e projeções otimistas, em especial da Meta, dona do Facebook, impulsionaram as ações em geral, principalmente de tecnologia. Também contribuíram os dados do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano, mais fracos que o esperado.
Alguns investidores, que apostam na queda do dólar no mercado futuro, aproveitaram o cenário para puxar as cotações para baixo, já que na sexta-feira (28) ocorre a disputa pela formação da Ptax de fim de mês, a taxa de câmbio calculada pelo BC (Banco Central), que servirá de referência para a liquidação de derivativos no início de maio.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9801 na venda, queda de 1,56%. É a primeira vez desde 18 de abril que a moeda norte-americana encerra a sessão abaixo de R$ 5.
O dólar recuou durante toda a sessão ante o real, em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também cedia ante outras divisas de países exportadores de commodities. No fim da tarde, o real seguia como uma das moedas mais valorizadas ante o dólar em todo o mundo.
Além da Meta, o otimismo dos investidores foi motivado pela divulgação de balanços considerados positivos dos bancos europeus Deutsche Bank e Barclays, e da seguradora chinesa Ping An Insurance Group.
Por isso, os investidores globais foram em busca de ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes, o que favoreceu o real em relação ao dólar.
“Essas renovadas mínimas de agora, que trouxeram o dólar para abaixo da linha dos R$ 4,99, estão refletindo uma busca por ativos de risco no mercado internacional”, avaliou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
Além dos balanços corporativos, os dados do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA, divulgados pela manhã, favoreceram a queda do dólar ante o real, pontuou o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
O PIB norte-americano subiu 1,1% no primeiro trimestre, mas a expectativa do mercado era de alta de 2%. “A economia norte-americana continua crescendo, mas em ritmo menos intenso do que nos dois últimos trimestres, abaixo das expectativas”, avaliou Galhardo.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.