A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 81 mil e 138 mil pessoas em todo o mundo morrem anualmente em consequência de picadas de cobras venenosas. Outras 400 mil ficam permanentemente incapacitadas ou desfiguradas. Estima-se que 4,5 a 5,4 milhões de pessoas são picadas por cobras a cada ano.
O envenenamento por picada de cobra é potencialmente fatal devido às toxinas presentes na peçonha do animal. Grupos de alto risco incluem trabalhadores agrícolas rurais, pescadores, caçadores, pessoas que vivem em casas mal construídas e com acesso limitado à educação e saúde.
Para evitar ser picado por uma cobra, é importante não tocar o animal e procurar ajuda imediata, como explica o diretor de Centro de Desenvolvimento Cultural do Instituto Butantan, Giuseppe Puorto, referência nacional em manejo de serpentes.
“Se aparecer alguma serpente na sua casa, na sua área de trabalho, não importa se é perigosa ou não, procure socorro com pessoas que saibam lidar com animais. Chame o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil ou o Controle de Zoonoses do seu município, porque dessa forma você não corre o risco de tentar mexer com ela e se acidentar”, explica Puorto, em comunicado.
Cobras mais perigosas
Entre espécies perigosas de cobras que podem ser encontradas no Brasil estão a jararacuçu, a jararaca e a coral-verdadeira.
Agressiva, a jararacuçu (Bothrops jararacuçu) é uma serpente de grande porte, que pode chegar a 1,70 m de comprimento e tem pele mais escura que a jararaca. A jararaca (Bothrops jararaca) é menor que a jararacuçu e comum na área de mata atlântica. Enquanto a coral-verdadeira (Micrurus corallinus) é menor que as demais, mas não menos perigosa.
“A diferença entre a coral-verdadeira e a falsa coral é muito sutil e não aconselhamos tentar descobrir se é uma ou outra porque não vale a pena. Toda vez que se deparar com uma cobra padrão coral, mantenha a segurança e não coloque a mão. Elas são muito rápidas e acabam fugindo quando em contato com pessoas”, afirma o especialista.
Como estas serpentes vivem em mata fechada, nem sempre elas chegam às casas. No entanto, situações como inundações, incêndios ou desmatamento favorecem o contato humano com cobras, que procuram avidamente por um lugar seguro, como casas. Como são peçonhentas, o risco de envenenamento dos moradores aumenta e, se isso ocorrer, o socorro médico deve ser imediato.
Saiba mais sobre acidentes com cobras
Acidentes ofídicos, ou simplesmente ofidismo, é o quadro clínico decorrente da mordedura de serpentes. No Brasil, é comum chamar as serpentes de “cobras”. Este nome é mais corretamente empregado para se referir às serpentes da família Elapidae, no Brasil representada pelas cobras corais verdadeiras.
Algumas espécies de serpentes produzem uma peçonha em suas glândulas de veneno que afetam de maneira intensa o organismo humano. A picada pode provocar hemorragias, problemas de coagulação, perda de tecidos e inflamação.
De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria dos acidentes ofídicos no Brasil é ocasionada por serpentes do grupo Bothrops, seguido pelo grupo Crotalus. Poucos são os casos de acidentes por Micrurus e Lachesis.
As regiões brasileiras onde há maior taxa de incidência de acidentes ofídicos são a Norte e a Centro-Oeste. Os meses de maior frequência de acidentes são os quentes e chuvosos, períodos de maior atividade em áreas rurais.
Os acidentes ofídicos são mais frequentes entre a população rural, em pessoas do sexo masculino e na faixa etária economicamente ativa (20 a 64 anos). A maioria dos acidentes é classificada clinicamente como leve, porém, a demora no atendimento médico e soroterápico pode elevar consideravelmente a taxa de letalidade.
Os acidentes causados por serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora:
Acidente botrópico: É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. Causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil.
Acidente crotálico: É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas.
Acidente laquético: Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso a espécie Lachesis muta (surucucu-pico-de-jaca). A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica.
Acidente elapídico: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos.
O que fazer e o que evitar
Em caso de acidente envolvendo picadas de cobras, é fundamental realizar os primeiros socorros e manter a calma.
A pessoa que levou a picada deve permanecer em repouso, hidratar-se e manter o local do ferimento elevado.
O que não fazer diante de uma picada de cobra
Não fazer torniquetes;
não passar nada no local da picada;
não cortar a região da picada para “extrair” o veneno;
não consumir bebidas alcoólicas;
não sugar o local para tentar extrair o veneno.
Veja abaixo o que você deve fazer ao sofrer um acidente com cobra:
Lavar o local da picada com água e sabão;
ir até o hospital ou posto de saúde mais próximo;
ficar deitado e elevar o membro que levou a picada;
se possível, e em segurança, tire uma foto da cobra para ser identificada.
CNN