Credit Suisse anuncia pedido de empréstimo de US$ 54 bilhões do Banco Central da Suíça; ações sobem

Banco Central da Suíça confirmou que ajudará a instituição financeira, mas não declarou o valor. Na quarta-feira, o investidor majoritário, Banco Nacional Saudita, afirmou que não poderia realizar aportes financeiros por questões regulatórias. O fato derrubou os papéis na véspera e impactou as bolsas europeias, norte-americanas e asiáticas.

O banco Credit Suisse pediu um empréstimo de US$ 54 bilhões (R$ 285 bi) ao Banco Central da Suíça. O anúncio foi feito na madrugada desta quinta-feira (16). O órgão financeiro afirmou que irá ajudar financeiramente, mas não informou o valor exato.

Os papéis da companhia recuaram na quarta-feira com a notícia de que o investidor majoritário, o Banco Nacional Saudita, não poderia realizar aportes financeiros para ajudar o Credit Suisse. (veja mais abaixo)

Após ver suas ações perderem 25% de seu valor em um dia, o banco central e o supervisor financeiro da Suíça anunciaram que o Credit Suisse cumpria as exigências de capital e liquidez e que poderia receber novos recursos.

O movimento vem depois de dois bancos norte-americanos terem a falência decretada em um intervalo de três dias, aumentando as incertezas sobre a saúde do sistema bancário global.

Na manhã desta quinta-feira (16), o mercado reagiu rápido ao anúncio da ajuda. Minutos após o anúncio, por volta das 2h30 (horário de Brasília), os papeis do banco suíço valorizaram 31%, negociados a 2,22 francos suíços.

Já as principais bolsas da Europa abriram a quinta-feira em estabilidade, com índices bem parecidos, em alta perto de 1,3%. Londres iniciou o pregão em alta de 1,15%. Paris, operava com ganho de 1,34%. Altas se repetiam na Alemanha, 1,05%; Itália, 1,53%; e Espanha, 1,51%.

Na Ásia, Hong kong fechou em queda de 1,67%. Xangai e Tóquio também terminaram o dia em baixa: perdas de 1,12% e 0, 80%, respectivamente. E a Bolsa de Valores da Coreia do Sul fechou em queda de 0,08%.

Banco Central da Arábia Saudita

Na quarta-feira (15), as ações do Credit Suisse derreteram após seu maior acionista, o Banco Nacional Saudita, afirmar que não iria mais investir na instituição.

Ammar al-Khudairy, presidente do BC da Arábia Saudita, disse que seu banco não tinha “absolutamente nenhuma intenção” de investir mais no Credit Suisse, insistindo que a decisão era principalmente regulatória. O banco hoje tem pouco menos de 10% do capital do CS, e ampliar essa fatia exigiria a aprovação do supervisor do mercado suíço, o Finma. 

Embora al-Khudairy tenha afirmado estar satisfeito com o plano de reestruturação do Credit Suisse, seus comentários desencadearam pânico em um mercado preocupado com os riscos de contágio após a crise do banco americano SVB.

O preço dos papéis do banco suíço caiu 30%, em seu pior momento do dia, chegando a apenas 1,55 franco suíço, o menor valor histórico da ação.

Impacto nas bolsas mundiais

Diante de todo o cenário, as bolsas de valores ao redor do planeta foram penalizadas na quarta-feira (15). Na Europa, a queda era generalizada entre os índices acionários da região, que mais uma vez eram pressionados por ações do setor financeiro.

As bolsas de Londres, Frankfurt, Paris, Milão e Madri caíam mais de 2%. O quadro ainda se repetia nos Estados Unidos, com os três principais índices de Wall Street operando no vermelho. O Ibovespa também se contaminou com o clima de aversão a risco e cai mais que 1%.

Segundo o analista da Terra Investimentos, Luis Novaes, da Terra Investimentos, apesar da impressão de que os acontecimentos envolvendo o SVB e o Signature Bank estão contidos após o Fed ter anunciado medidas para aumentar a liquidez do sistema bancário norte-americano e de os grandes bancos ao redor do mundo parecerem “protegidos contra esse tipo de risco”, a situação do Credit Suisse ainda preocupa investidores.

De acordo com o analista, o Credit é um dos cinco maiores bancos da Europa, considerado sistematicamente importante, e sua insolvência poderia ter grandes impactos no sistema financeiro.

Outra preocupação, segundo os analistas consultados pelo g1, viria em eventuais efeitos desse cenário no quadro de juros de grandes economias, que há meses têm subido as taxas para tentar controlar a pressão inflacionária.

“Então, imagino que o BCE deve fazer algo muito parecido com o que o Fed tem feito, de assegurar que qualquer eventual dificuldade que possa existir, como uma possível corrida bancária e um aumento de pedidos de retirada, serão garantidas pelo próprio banco central. É o que chamamos de emprestador de última instância: no limite da situação, o BC vai lá e honra os depósitos”, explica o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, reiterando que uma solução privada — como um eventual aporte de capital — não é descartada. G1