Marburg: entenda o que é o vírus primo do ebola e com alta taxa de mortalidade

Segundo especialistas, risco de o vírus se espalhar pelo mundo é baixo. OMS alerta que doença tem uma taxa de mortalidade de até 88%, e não há vacina nem tratamento aprovado.

Por Mariana Garcia, g1

O vírus de Marburg é um primo do ebola e transmitido por morcegos. Detectado inicialmente na Alemanha em 1967, ele é altamente infeccioso e tem uma taxa de letalidade altíssima, de até 88%.

📊 Contexto: Na segunda-feira (13), autoridades de saúde da Guiné Equatorial confirmaram o primeiro surto do vírus. No mesmo dia da confirmação, o governo de Camarões detectou dois casos suspeitos do vírus em uma região da fronteira com a Guiné Equatorial.

⚠️ Sem motivo para alarde: Apesar da virulência, especialistas dizem que não é preciso ficar alarmado diante da situação, pois o risco de o vírus se espalhar pelo mundo, incluindo o Brasil, é baixo.

Ainda não há vacina ou medicamento específico para o vírus. Após ser identificado na Alemanha na década de 60, outros surtos e casos esporádicos do vírus foram notificados na África – nenhum no Brasil. (Leia mais abaixo.)

Esse vírus foi documentado pela primeira vez em 1967 na Alemanha, mas é uma infecção importada da África, principalmente em países como Uganda, Guiné Equatorial, Camarões, países do centro do continente.
— Alexandre Naime Barbosa, pesquisador da Unesp e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

  1. O que é o vírus de Marburg?
    O vírus de Marburg pertence à mesma família do ebola. Apesar de rara, a doença é altamente infecciosa e tem uma taxa de mortalidade de até 88%. O primeiro surto do vírus foi detectado na cidade de Marburg, na Alemanha, em 1967. Das 32 pessoas infectadas nas antigas Alemanha Ocidental e Iugoslávia, sete morreram.
  2. Quais as chances de se espalhar pelo mundo?
    O vice-presidente da SBI explica que o risco do vírus de Marburg se espalhar pelo mundo é baixo porque as pessoas infectadas ficam doentes – não é uma doença assintomática. “Com os sintomas, dificilmente a doença passa despercebida. Obviamente, sempre vai existir o risco, mas não em larga escala”.

Sobre a chance de chegar ao Brasil, Naime diz que não há motivos para alarde.

“Precisamos ficar alertas em relação à amplitude do surto, se haverá casos exportados para outros países. Até o momento, a SBI recomenda que as autoridades de saúde do Brasil façam uma vigilância em concordância com a OMS e com a OPAS”, diz Barbosa.
A OMS está monitorando o novo surto.

  1. Como ele é transmitido?
    Ele é transmitido aos humanos por morcegos frugívoros (que se alimentam de frutas) e se espalha através do contato direto com os fluídos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados.

Morcego de cabeça para baixo em jaula de laboratório — Foto: Bob Child/AP
Morcego de cabeça para baixo em jaula de laboratório — Foto: Bob Child/AP

  1. Quais os sintomas?
    A doença é grave e, muitas vezes, fatal. De acordo com a OMS, tem um período de incubação de 2 a 21 dias. O diagnóstico não é fácil, porque muitos dos sintomas são semelhantes a outras doenças infecciosas ou febres hemorrágicas virais. Entre os sintomas estão:

Febre;
Dor de cabeça;
Dores musculares;
Fadiga;
Vômito com sangue;
Diarreia.

  1. Existe vacina?
    Não há vacinas ou tratamentos antivirais aprovados para tratar o vírus. No entanto, a OMS diz que beber muita água e tratar sintomas específicos da doença melhoram as chances de sobrevivência do paciente.

A organização diz que estão sendo estudados tratamentos potenciais, como terapias imunológicas, medicamentosas e vacinas.

  1. Onde o vírus já foi notificado
    Nesta semana, a Guiné Equatorial confirmou o primeiro surto do vírus. Testes preliminares realizados após a morte de pelo menos nove pessoas na província de Kie Ntem, no leste do país, deram positivo em uma das amostras para a febre hemorrágica viral.

No mesmo dia da confirmação, o governo de Camarões detectou dois casos suspeitos do vírus em uma região da fronteira com a Guiné Equatorial. Por conta dos casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que aumentou sua vigilância epidemiológica na Guiné Equatorial.

Na África, surtos anteriores e casos esporádicos foram notificados em Gana, Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda, diz a OMS.

O vírus matou mais de 200 pessoas em Angola em 2005, o surto mais mortal já registrado, segundo a organização.