PIB da maior potência da Europa cresceu apenas 0,1%, mas resultado é considerado bom, visto que especialistas previam estagnação.
A economia da Alemanha teve um ligeiro crescimento no segundo trimestre de 2022, surpreendendo analistas e autoridades, que previam um trimestre de estagnação, devido às consequências da guerra na Ucrânia.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha subiu 0,1% rem relação ao trimestre anterior (janeiro a março), informou nesta quinta-feira (25/08) o Departamento Federal de Estatística (Destatis). Com a pequena alta, o nível voltou ao do 4º trimestre de 2019, antes da crise iniciada com a pandemia de covid-19. Em relação ao mesmo período de 2021, o crescimento foi de 1,8%.
“Apesar das difíceis condições econômicas globais, a economia alemã se manteve firme nos dois primeiros trimestres de 2022”, comentou o presidente do Destatis, Georg Thiel.
O crescimento da Alemanha, porém, foi muito mais tímido que o de outros países europeus no mesmo período: o PIB da Espanha cresceu 1,1% e o da Itália, 1%.
De abril a junho, a economia da maior potência da União Europeia (UE) foi sustentada pela demanda doméstica privada e pública, com os gastos do Estado subindo 2,3%.
Os gastos privados aumentaram 0,8% em relação ao trimestre anterior, sobretudo devido ao fim da maior parte das restrições impostas para combater a disseminação da covid-19, com mais gastos em turismo e refeições fora de casa.
Além disso, o comércio da Alemanha com outros países aumentou em geral. Embora significativamente menos bens tenham sido exportados para a Rússia no segundo trimestre do que antes da guerra na Ucrânia, as empresas relataram exportações estáveis em geral.
Apesar das cadeias de suprimentos globais interrompidas, 0,3% mais bens e serviços foram exportados do que no primeiro trimestre. No entanto, as importações aumentaram mais acentuadamente, 1,6%.
Apesar do tímido resultado positivo, a economia da Alemanha vem desacelerando à medida que a inflação dispara, com a invasão da Ucrânia pela Rússia elevando os preços da energia e dos alimentos.
A Alemanha é altamente dependente do fornecimento de gás russo para atender a suas demandas de energia, mas, desde as sanções do Ocidente, Moscou tem diminuído constantemente as exportações.
A ameaça de que a Rússia possa cortar completamente as entregas aumentou a possibilidade de desabastecimento durante o inverno europeu e acena com um racionamento dos suprimentos, provocando impacto punitivo nos negócios.
O presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, alertou em entrevista recente que, embora a economia alemã tenha resistido bem no segundo trimestre, novos problemas na cadeia de suprimentos “escurecerão ainda mais as perspectivas para o segundo semestre”. Sobretudo se a crise energética se agravar, “parece provável uma recessão para o próximo inverno”.
O banco central alemão projeta que a taxa de inflação na Alemanha possa atingir “uma ordem de magnitude de 10%” no terceiro trimestre. Em maio, a taxa de inflação dos últimos 12 meses da Alemanha atingiu 7,9%.
le/av (AFP,ots)