Entre à 0h e às 4h20 de todos os sábados, Mikkel Nielson, de 26 anos, sofre com barulhos altos, luzes piscando e alguns choques elétricos. Ele teve a ideia de se filmar enquanto dorme. Por incrível que pareça, mais de mil pessoas o assistem na Twitch durante esse período do dia.
Geralmente, centenas desses seguidores doam dinheiro para ele, e o valor arrecadado serve para melhorar o local onde Mikkel dorme e se filma. Por US$ 1, pouco mais de R$ 5, as pessoas podem mandar mensagens para ele e um bot lê em voz alta para que ele acorde. Por US$ 95 (cerca de R$ 500), podem dar-lhe um choque através de uma pulseira que ele usa.
Mikkel se tornou um “streamer de sono interativo”, um tipo de criador de conteúdo que cresce tanto na Twitch quanto no TikTok. A revista WIRED, em 2020, noticiou essa onda crescente dos streamers do sono, mas os primeiros apenas se filmavam dormindo mesmo, sem interação.
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Esse tipo de ferramenta posta na mão dos seguidores não é fisicamente adequada para quem se filma. Isso traz consequências mais sérias, como fazê-lo gritar ou dar um soco no colchão chorando alto, tudo feito para gerar engajamento em cima do sofrimento alheio.
Os streamers do sono interativo não dormem de fato por que estão sempre sendo levados a reagir a algo. Eles equipam seus quartos para quando recebem as doações e realizam a ação mais perturbadora que conseguem.
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Na Austrália, o TikToker Jakey Boehm é outro dorminhoco. Só no mês de maio ele faturou US$ 34 mil (equivalente a mais de R$ 179 mil) apenas com seus vídeos. Criadores de conteúdo no YouTube, como Asian Andy, por exemplo, foram os primeiros a criarem vídeos desse tipo e fazem questão de dizerem quanto ganham com isso. Um deles alegou faturar US$ 16 mil (aproximadamente R$ 84 mil) quando fica 7 horas ao vivo.
Mikkel defende sua privação de sono: “Se eu faço lives de sono duas vezes por mês, recebo o suficiente para pagar meu aluguel e as minhas contas”.
O TikTok não permite que criadores de conteúdo com menos de mil seguidores façam esses vídeos, e por isso existem alguns streamers implorando nas redes para ganhar seguidores e ter permissão para fazer o conteúdo.