Visando não só a sustentabilidade, como também o aumento da produtividade da soja, o cultivo de plantas de cobertura de outono/inverno é uma importante ferramenta para o sistema de produção. Além de proporcionar a cobertura do solo, reduzindo as erosões superficiais e o fluxo de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas, algumas espécies de plantas de cobertura apresentam capacidade de ciclar nutrientes, e/ou acumula-los, os quais posteriormente ficarão disponíveis para a cultura sucessora através da decomposição e mineralização dos resíduos culturais das plantas de cobertura.
No geral, por apresentarem capacidade em realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN), as plantas da família Fabaceae, popularmente conhecida como leguminosas, se destacam por proporcionar grande acúmulo de nitrogênio (N) em seus resíduos culturais, quando comparadas as gramíneas (Poaceae) por exemplo. No caso da ervilhaca (Vicia sp.), o nitrogênio acumulado pela cultura pode ultrapassar os 200 kg ha-1.
Tabela 1. Rendimento (Kg ha-1) de matéria verde, matéria seca e teor de nitrogênio da parte aérea de diferentes culturas de inverno..
Tendo em vista que o nitrogênio é o nutriente mais requerido pela maioria das culturas agrícolas, o cultivo de plantas de cobertura com elevada capacidade em acumular esse nutriente pode contribuir para o aumento da produtividade de culturas agrícolas em sucessão. Conforme analisado por Caetano et al. (2018), a soja cultivada em sucessão a plantas de cobertura pode apresentar incrementos de produtividade de até 13% em comparação testemunha (sem plantas de cobertura antecedendo).
Tabela 2. Resultados médios para componentes de produção e rendimento da soja (safra 2016/2017) após cultivo sob diferentes plantas de cobertura no inverno.
Com base nos aspectos observados, fica evidente a contribuição do cultivo de plantas de cobertura para o aumento da produtividade da soja. Entretanto, cabe destacar que o posicionamento de plantas de cobertura deve levar em consideração não só o programa de rotação de culturas para a área desejada, mas também, as aptidões da área, suas limitações, e histórico de ocorrência de pragas e doenças, a fim de evitar a manutenção de populações desses agentes danosos, pelo cultivo de espécies hospedeiras.
Referências:
CAETANO, J. H. S. et al. PRODUTIVIDADE DA SOJA EM SUCESSÃO A PLANTAS DE COBERTURA. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, 2018. Disponível em: < http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/docs/trab-6-2058-755.pdf >, acesso em: 15/06/2022.
FLOSS, E. L. MAXIMIZANDO O RENDIMENTO DA SOJA “ECOFISIOLOGIA, NUTRIÇÃO E MANEJO”. Passo Fundo, Passografic, ed. 2, 2022.