Guerra, seca e demanda: Para onde vai o preço do milho?

Mercado nos níveis atuais está, sem dúvida, precificando a concorrência elevada
Por: AGROLINK -Leonardo Gottems

As exportações de milho da Ucrânia terão muita importância para os próximos dois a três meses, aponta a Consultoria AgResource Brasil. “A assinatura do acordo do corredor de exportação na sexta-feira, seguida pelo bombardeio do porto de Odessa no sábado, deixa uma incerteza no mercado em relação aos fluxos globais de grãos, bem como a grande semeadura da safra ucraniana em 2023/24”, comentam os analistas de mercado.

De acordo com eles, a falta de acesso ao mercado global manterá os preços do milho e do trigo ucranianos deflacionados (redução da inflação) com falências generalizadas: “O mercado ontem [início da semana] continuava otimista de que os embarques ucranianos aumentariam, apesar do ataque da Rússia”. 

A AgResource afirma que “está esperançosa, mas o mercado nos níveis atuais está, sem dúvida, precificando a concorrência elevada pelos suprimentos de milho e trigo dos EUA. O fato das exportações de grãos da Ucrânia serem um milhão de toneladas ou de quatro a cinco milhões de toneladas é o que determinará se preço justo do milho à vista de Chicago é de 5,25 a 6 dólares ou de 6,50 a 7,50 dólares”.

“Os fluxos normais de grãos da Ucrânia limitarão as exportações dos EUA em 2,1 a 2,2 bilhões de bushels e empurrarão os estoques finais dos EUA para 1,5 a 1,7 bilhões de bushels. A contínua ausência de exportações ucranianas vai reduzir os estoques finais de milho dos EUA para um mínimo de 1,0 a 1,2 bilhões. Grandes desafios estão à frente, mesmo supondo que a Rússia cumpra sua parte do contrato. A guerra continuará no sul e no leste do país. Isso por si só manterá o movimento dos grãos desacelerado no início do outono”, destaca a AgResource.

As exportações brasileiras de milho em julho devem ultrapassar 6 milhões de toneladas, contra apenas 2 milhões no ano anterior. Os compromissos totais de exportação brasileira são calculados em pouco mais de 14 milhões de toneladas, ante cinco milhões de toneladas há um ano atrás no final de julho. 

A AgResource se pergunta se os importadores irão “absorver a totalidade de qualquer oferta que a Ucrânia forneça ao mercado mundial. Preços mais baixos e maior oferta são tipicamente positivos para demanda e consumo. A AgResource não tem informações extras, além daquelas que o mercado já conhece, sobre a realidade dos fluxos de grãos do Mar Negro. Mas se a Ucrânia não puder enviar mais do que 2 a 3 milhões de toneladas de todos os produtos por mês, um rally bastante dramático, impulsionado pela demanda, ocorrerá em outros países exportadores, incluindo os EUA”.