Sol da meia noite
Naquele dia típico de verão o sol despontou no horizonte revelando a todos que não estava disposto a ter concorrentes. Os primeiros raios ofuscaram as sombras e tornou tudo exuberante, lindas cores podiam ser apreciadas por todos os lados. Envaidecido pela sua grandeza o Sol desejou possuir algo que é inerente à alma humana- ser amado. Infelizmente, para ele, um pensamento utópico o tomou de tal forma que, ilusoriamente pensou que fosse possível conseguir a unanimidade em relação a sua tão importante figura, mas não se ateve ao fato de que os seres humanos nunca agem com unanimidade mesmo que a discórdia não seja verbalizada. É característica comum da humanidade a ambiguidade, mesmo assim, ele ousou sonhar com os aplausos que para ele seriam naturais assim que revelasse aos mortais as maravilhas advindas do poder que emanava de si.
– Sem mim não pode haver vida na terra- inebriou-se com esse mantra pessoal. Ingenuamente achou que em reconhecimento aos seus favores seria admirado por todos e até mesmo cultuado como na antiguidade, mas a adoração como uma divindade já não era uma realidade há muito tempo, por isso, se ressentia pela ingratidão a sua onipotência. Não havia mais oferendas em sua homenagem como outrora e isso precisava mudar.
Um plano foi elaborado e esperava que as preces fossem ouvidas por todo o planeta. Tomou uma decisão: tornar aquele dia esplendoroso, todos ficariam encantados com o clima agradável, a beleza inebriante e os elogios seriam infinitos. Não tinha como dar errado. Plano perfeito!
Logo pela manhã ouviu alguns elogios, com isso, achou que seria difícil enumerar todos os encantos daquele magnifico dia. A confiança era tamanha que ficou intrigado sobre qual o melhor adjetivo que revelaria toda a sua majestade, mas… Que decepção! Logo ouviu alguém reclamando que o calor não serve para nada, outro chegou a dizer que preferia o frio ao calor, uma mulher teve o cúmulo de esbravejar que a escuridão era muito melhor do que a luz e as murmurações continuaram a tal ponto que o Sol já não se importava mais com os elogios. Dentro de pouco tempo a euforia evaporou-se e só restou a desilusão.
O grande astro então esbravejou: Seres humanos ingratos! Fiz tudo por vocês e só que o ouço são lamentos. Com o orgulho ferido o Sol toma uma decisão drástica e decide abandonar a terra para sempre, mas antes da sua partida definitiva ainda ouve uma pessoa dizendo em meio à crescente penumbra: Não vai nos fazer falta nenhuma!
Alci Massaranduba
Autor dos livros “Minha Vida de Carteiro” e “Pensamentos de um Carteiro”. Bacharel em Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior pela UEMS e Especialista em Gestão Empreendedora de Negócios pela UNIGRAN.