Dario Messer foi preso em julho de 2019 em operação da PF usando dados de morador de Chapadão do Sul
Foto de Dario Messer foi inserida em RG com dados do pecuarista Marcelo Batalha (Foto/Reprodução)
Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, está sendo processo em Mato Grosso do Sul em R$ 500 mil por danos morais, por ter usado os dados do RG de pecuarista de Chapadão do Sul enquanto esteve foragido da Polícia Federal. Messer está preso desde julho de 2019, acusado de crime de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, em crimes praticados com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
“Nunca tive com problema com nada, aí, aparece um negócio desses; e eu que tenho que provar que não tenho nada a ver com ele”, disse Marcelo de Freitas Batalha, o pecuarista que foi surpreendido ao descobrir que todos os dados pessoais do RG (nome, filiação, naturalidade, data de nascimento e número de inscrição) estampavam o documento usado por Dario Messer quando o doleiro foi preso, no Rio de Janeiro.
A ação foi protocolada na 2ª Vara Cível de Chapadão do Sul em 2019, em nome do pecuarista, residente em Chapadão do Sul. O processo entrou em compasso de espera porque Dario Messer não respondeu à citação judicial enviada inicialmente ao Complexo Penitenciário de Gericinó, Bangu 8. A Justiça tinha até marcado audiência no dia 12 de março de 2020, mas foi cancelada porque o réu não compareceu, virtualmente, e nem havia notícia se ele chegou a ser citado.
No último dia 19 de maio, o advogado José de Assis Perina entrou com novo pedido de citação, informando que esta notificação, agora, em apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, onde o “doleiro dos doleiros” cumpre prisão domilicar desde março de 2020.
A ação – Dario Messer foi preso no dia 31 de julho de 2019 pela PF do Rio de Janeiro. O doleiro estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Operação Câmbio, Desligo, em quefoi descoberta movimentação de US$ 1,6 bilhão em 52 países.
Na ação, segundo advogado de Batalha, o pecuarista soube que o RG dele estava sendo usado pelo doleiro ao receber a ligação de jornalista do O Globo. Assustado, fez busca no Google e descobriu o nome dele circulando nas reportagens sobre a prisão de Messer.
“Como um rastro de pólvora, logo a notícia se espalhou por todo o país”, elaborou a defesa na ação. Batalha registrou boletim de ocorrência e enviou e-mail ao MPF (Ministério Público Federal) sobre o ocorrido.
O receio é que o doleiro tenha usado os dados não somente para se esconder, mas que possa ter utilizado para operações ilícitas. “E a humilhação persiste. Ainda hoje, se digitar o nome do autor no Google, verifica-se o ocorrido. De uma pessoa discreta, passou a ter seu nome, sem o seu consentimento, com visibilidade internacional, de forma totalmente depreciativa”, consta na ação.
Batalha disse ao Campo Grande News que ainda não surgiu nenhum indício de que os dados tenham sido usados além do RG, mas a situação de incerteza persiste. O pecuarista se recorda que, no ano passado, viajou para Mafra (SC) e se hospedou em hotel. “Na hora que fui fazer check-in, meu nome já estava cadastrado lá, me chamavam de ‘doutor’, aí soube que ele se passava por médico”, disse. “Só quero ter paz”.
A defesa pede o pagamento de R$ 500 mil pelo dano moral e que o réu arque com as custas do advogado.
Messer – O “doleiro dos doleiros” é acusado pelo MPF recebido dólares no exterior pela venda ilegal de pedras preciosas e semipreciosas, além de manter contabilidade paralela à oficial.
Messer também foi denunciado em outra ação pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas relacionados a delitos praticados pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, investigados nas operações Eficiência e Câmbio Desligo.
O nome do doleiro também aparece em outra operação, a Patrón, inserida na Lava Jato e que investigava o envolvimento dele com empresários da região de fronteira com o Paraguai. Antes de ser preso, chegou a passar temoporada em propriedades na região de Salto Del Guairá, perto de Mundo Novo, e em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, cidades-gêmeas da Linha Internacional que separa o Brasil do Paraguai.
Dario Messer está em prisão domiciliar desde março de 2020, por decisão da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que substitui a prisão preventiva pela domiciliar, com monitoramento eletrônico. À época, a alegação da defesa do doleiro era que ele tinha 61 anos, era hipertenso e esteve em hospital, em tratamento, sendo do grupo de risco da covid-19.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Messer, mas ainda não obteve retorno. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS