Menos chuva e mais calor: como pode ser o futuro com aquecimento global

Pesquisa sugere clima severo no hemisfério sul se emissão de poluentes não parar.

Dados de um estudo feito na Universidade de São Paulo mostram que o Brasil pode ter redução de até 30% no volume de chuvas nos próximos 30 anos graças a um aumento médio de 3°C na temperatura do planeta. Os cientistas apontam as mudanças climáticas como a causa do fenômeno, que segundo eles ainda pode ser revertido.

A análise se baseou na comparação com o período chamado de Piloceno médio, que aconteceu há cerca de três milhões de anos. A era é considerada a mais recente da história do planeta em que a evolução do calor global pode ser comparada aos cenários futuros. A diferença é que naquela época, ainda não havia registo do Homo sapiens caminhando pelo planeta. 

Dessa forma, os cientistas acreditam que é possível calcular as variações naturais esperadas no clima e diferenciá-las daquelas que são causadas pelo ser humano. 

É como se as variações no planeta fossem um grande ciclo que se repete de milhões em milhões de anos, embora o rumo dessa “lógica” seja alterado pelas atitudes da sociedade.

O artigo Drier tropical and subtropical Southern Hemisphere in the mid-Pliocene Warm Period foi publicado na Scientific Reports.

Conforme a análise, durante o Piloceno, as temperaturas ficaram entre 2°C e 3°C mais altas do que na era pré-industrial (por volta dos anos 1850). Já as temperaturas da superfície do mar em alta latitude aumentaram até 9°C no hemisfério Norte e mais 4°C no Sul. As concentrações atmosféricas de CO2 também eram semelhantes às de hoje, em cerca de 400 partes por milhão (ppm).

As simulações revelaram que há cerca de três milhões de anos, houve mudanças significativas que resultaram em pontos mais quentes e secos que o normal. A avaliação período histórico adiciona uma restrição a possíveis cenários futuros com mais calor associados a diferentes taxas de aquecimento entre os hemisférios.

Vale lembrar que no Piloceno as matas, como a Floresta Amazônica, eram muito mais extensas e ajudavam a controlar a umidade, balanceando o tempo seco em suas regiões. Hoje, além das áreas desmatadas, a quantidade crescente de queimadas só piora as projeções e as fazem cada vez mais perto da realidade. 

O ano de 2019 foi o segundo mais quente da história moderna, com aumento de 1,1°C. O pior foi 2016, influenciado pelo fenômeno El niño.

Cientistas apontam as mudanças climáticas fora do normal às emissões de gases do efeito estufa. O Brasil chegou a assinar, em 2015, um acordo global para reduzir o lançamento desses materiais na atmosfera como forma de tentar limitar o aquecimento entre 1,5°C e 2°C.

MAIS PERTO

A coordenadora do Centro de Monitoramento do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Franciane Rodrigues, em pesquisas feitas em bancos de dados de trabalhos acadêmicos não foi possível encontrar nenhum material específico sobre os efeitos do aquecimento global em Mato Grosso do Sul. 

Contudo, ao observar os registros históricos do monitoramento feito no Estado, ela disse ao Correio do Estado que nos últimos 12 meses é possível enxergar uma anomalia em que as temperaturas ficaram pelo menos 2°C acima da média.

A situação piora no Pantanal, com picos mais elevados de termômetros marcando 4 °C além da média. “Em todos os estudos tanto de analise e prognostico climático é percebido que sempre temos temperaturas acima da media. Isso infelizmente é uma tendência”. Correio do Estado