Patrimônio inclui imóveis, sete fazendas de exploração de gado e eucalipto, carros rurais, automóveis, terrenos e outros.
Por Nicolás Satriano, G1 Rio
Uma das fazendas apontadas como propriedade de Messer no Paraguai — Foto: Reprodução/TV Globo
Dezenas de bens adquiridos pelo “doleiro dos doleiros” Dario Messer no Paraguai triplicaram de valor desde que o empresário – atualmente em prisão domiciliar – fez um aporte de 50 milhões de dólares no país vizinho. O Ministério Público Federal (MPF) tenta repatriar parte do patrimônio, que passou a ser avaliado em U$ 150 milhões (mais de R$ 745 milhões na cotação atual).
De acordo com o MPF, o dinheiro e bens, bloqueados após pedido de cooperação judicial, veio de uma empresa offshore em Luxemburgo, na Europa, e teve origem, segundo procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro, na atividade de “líder de organização criminosa” desempenhada por Messer.
O procurador regional da República e membro da força-tarefa da Lava Jato no RJ José Augusto Vagos detalhou que os bens incluem imóveis, sete fazendas de exploração de gado e eucalipto, carros rurais, automóveis, terrenos e outros. A aquisição do patrimônio ocorreu via as empresas Chai e Matrix.
“A lei de lavagem [de dinheiro] brasileira prevê, nessas ocasiões, a divisão meio a meio entre os países, mas tudo depende de decisão condenatória definitiva, sendo que Dario [Messer] também responde por lavagem de dinheiro perante a Justiça do Paraguai. Estamos em contato constante com a autoridade central paraguaia para pedidos de cooperação internacional, para encontrar o melhor caminho”, explicou Vagos.
O diálogo para que o Brasil consiga reaver parte dos recursos ocorre entre o MPF e a Fiscalía (MP do Paraguai). Há, ainda, a Secretaría Nacional de Administración de Bienes Incautados y Comisados, a Senabico – órgão paraguaio que administra bens bloqueados de investigados e réus.
É por meio da secretaria que, segundo Vagos, se constatou que o patrimônio ligado a Messer “não só foi preservado, mas também cresceu”, principalmente as fazendas de exploração de gado de corte.
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De acordo com o procurador, para reaver parte dos bens a autoridade central paraguaia para cooperação internacional – Fiscalía – informou que “haveria uma minuta de decreto a ser assinado pelo Brasil e pelo Paraguai”, o que facilitaria a divisão desses valores e bens apreendidos. Mas, por ora, o documento ainda não foi assinado.
Vagos disse que, ao serem recuperados, os recursos ficariam em depósito judicial e, depois do trânsito em julgado da condenação, seriam destinados à União. Por enquanto, o procurador informou que não há prazo para a retomada dos recursos e que o MPF está solicitando às autoridades paraguaias a atualização dos valores e bens administrados pela Senabico.
O advogado de defesa de Messer no Brasil disse ao G1 que não conhece os autos no Paraguai. Por isso, não poderia responder a questionamentos da equipe de reportagem sobre o caso.