Dólar pode subir para R$ 4,30 no curto prazo com dados da economia e reflexo do coronavírus, aponta Credit Suisse
Para analistas, piora no câmbio começou antes do vírus, mas uma melhora no noticiário do assunto pode levar dólar a subir no mundo todoRodrigo Tolotti5 fev 2020 16h33
SÃO PAULO – Recentemente o dólar renovou sua máxima histórica nominal contra o real, em R$ 4,28, mas apesar de ter recuado um pouco, no curto prazo é provável que a moeda americana chegue na marca dos R$ 4,30.
Isso segundo uma projeção feita pelo Credit Suisse em relatório divulgado nesta quarta-feira (5), que apontou ainda que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta noite será bastante importante para definir o futuro do câmbio.
Para os analistas, o Banco Central deve cortar mais uma vez a Selic em 0,25 ponto percentual, para 4,25%. “Desde o começo do ano, o mercado elevou as expectativas de reversão no ciclo de flexibilização de juros: isso em parte reflete riscos crescentes às expectativas de crescimento criadas pelo surgimento do coronavírus, mas está longe de ser o principal fator da mudança”, afirmam.
Segundo o Credit, o movimento de alta do dólar contra o real já era visível antes do surgimento do vírus na China, e isso é reflexo da piora nas projeções para a inflação em meio a dados desapontadores sobre o crescimento da economia, como o recente número da produção da indústria de dezembro de 2019, que mostrou queda de 1,2% na comparação com dezembro de 2018. No ano, a indústria teve queda de 1,1% após duas altas seguidas.
Com isso, piorou o sentimento do mercado em relação ao que se via um mês atrás, com maiores projeções de números decepcionantes para a economia, o que também reduziu a visão dos investidores de que o BC pode elevar os juros no segundo semestre.
“Isso significa que o real está mais vulnerável a um comunicado dovish (brando, que indique mais queda de juros) do Copom nesta noite e que a nossa meta de R$ 4,30 ainda parece apropriada”, avaliam.
Sobre o efeito do coronavírus, o Credit avalia que a possibilidade de que o assunto comece a perder força leve a uma recuperação do dólar no mundo todo.